FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu não deve parar de aumentar as taxas de juros até que o núcleo da inflação atinja claramente o pico, mas pode diminuir o ritmo das altas quando as taxas atingirem um nível que comece a restringir o crescimento, disse o presidente do banco central da França Irish Times.
O BCE aumentou os juros em um total de 2 pontos percentuais, para 1,5%, em apenas três meses, seu ritmo mais rápido de aperto já registrado. Os mercados veem os juros atingindo um pico de cerca de 3% no próximo ano, sugerindo que uma nova série de aumentos ainda está por vir para domar a inflação rápida e ampla.
"Enquanto o núcleo da inflação não tiver atingido claramente o pico, não devemos parar com as taxas", disse o presidente do banco central francês, François Villeroy de Galhau, segundo o jornal nesta segunda-feira.
Como em grande parte do mundo, a inflação da zona do euro disparou este ano como resultado dos custos de energia altíssimos, mas mesmo o crescimento do núcleo da inflação, que filtra os preços voláteis de alimentos e combustíveis, atingiu 5% em outubro, mais que o dobro da meta de 2% do BCE.
A inflação, que saltou para um recorde de 10,7% no mês passado na base anual, pode atingir o pico no "primeiro semestre" de 2023, acrescentou Villeroy, alertando que pode levar de dois a três anos para fazer a inflação voltar à meta do BCE.
Os aumentos rápidos dos juros, no entanto, deixaram o BCE perto da chamada taxa neutra, uma marca indefinida calculada entre 1,5% e 2%, ponto em que o banco central dos 19 países que usam o euro não está estimulando nem desacelerando o crescimento.
"Não estamos longe da taxa neutra, além da qual nosso ritmo de altas pode ser mais flexível e possivelmente mais lento", disse Villeroy.
Os mercados agora projetam um aumento de 0,50 ponto percentual em dezembro, após movimentos consecutivos de 0,75 ponto, seguido por outro aumento de 0,50 ponto em fevereiro.
(Reportagem de Balazs Koranyi)