🐂 Nem todas as ações ganham no rali. Lista do ProPicks deste mês tem 5 ações subindo +20% Saiba mais

Charge da semana: o incrível encolhimento do euro

Publicado 19.07.2022, 12:56
© Investing.com
EUR/USD
-
JPM
-
USD/BRL
-
IT10YT=RR
-

Por Geoffrey Smith

Investing.com – Os alarmes vão soar em Frankfurt nesta semana, enquanto o conselho dirigente do Banco Central Europeu se reúne e o euro volta para onde estava há 20 anos: valendo apenas um dólar.

Na última vez em que a moeda comum ficou tão fraca assim, o argumento era que se tratava, em grande medida, de uma quantidade desconhecida, que buscava ocupar o lugar do todo-poderoso marco alemão nos mercados internacionais de câmbio. Desta vez, é porque seus pontos fracos são bastante conhecidos.

O BCE elevará as taxas de juros pela primeira vez em uma década na quinta-feira, depois de ficar sentado por oito anos sobre a taxa básica abaixo de zero, pagando aos bancos para fazer empréstimos, em uma total perversão do capitalismo. Mesmo depois de quinta-feira, as taxas de juros reais – isto é, após ajuste da inflação – continuarão rendendo cerca de -10%.

Um vazamento bastante oportuno na terça-feira, sugerindo que o banco central discutirá uma alta de 50 pontos-base (pb), em vez dos 25 pb contratados, parece ter evitado o constrangimento de o euro ser negociado abaixo de um dólar. A moeda única disparou para US$ 1,0269 devido ao que os analistas classificaram como cobertura de posições vendidas.

E as notícias positivas para o euro não pararam por aí no dia. Citando uma fonte anônima, a Reuters informou que a Rússia deve retomar os fluxos do gasoduto de Nord Stream após o término do período previsto de manutenção nesta semana. Se confirmado, isso afastaria os temores de uma interrupção completa e imediata do fornecimento de gás para a maior economia da Europa, um dos maiores obstáculos para o euro nas últimas semanas.

No entanto, para que a moeda comum se firme ou até mesmo amplie os ganhos, muitas coisas precisam acontecer, quase todas fora do controle do BCE.

Primeiro, é preciso haver uma melhora nas tendências de inflação nos EUA que permita ao Federal Reserve parar de subir os juros de forma tão agressiva. Este é o ponto-chave da história brutalmente simples da desvalorização do euro frente ao dólar neste ano: a economia dos EUA está crescendo rápido o bastante para resistir às elevações de juros, o que não é o caso da zona do euro. Enquanto as autoridades do Fed falam em aumentar as taxas para 3,5% ou mais, os juros de mercado sugerem que o BCE não conseguirá ir além de 1,5%.

Em segundo lugar, a crise energética que assola a Europa precisa diminuir. Embora o fornecimento de gás da Rússia seja o principal ponto de pressão neste momento, a crise vai muito além disso.  Uma grave ausência de nevascas nos Alpes durante o inverno pode reduzir a capacidade dos rios de gerar energia hidrelétrica e de refrigerar os velhos reatores nucleares da França, cada vez menos confiáveis. Os preços da eletricidade no país atingiram impressionantes 589 euros por megawatt-hora na terça-feira, nível insustentável para qualquer economia que faz uso intensivo de energia.

A energia e os alimentos responderam por cerca da metade da inflação anual de 8,6% registrada pelo Eurostat em junho. Embora cortes de impostos na Espanha, Itália e outros países possam reduzir os efeitos disso ao longo do ano, ampliam ainda mais seus déficits orçamentários.

O que nos leva ao terceiro ponto do que é necessário para uma virada no euro: a crise do governo na Itália precisa ser resolvida.

Isso não é impossível: via de regra, a cada 12-18 meses, a Itália vive uma crise governamental que, de uma forma ou de outra, é resolvida. A atual, no entanto, envolve muito mais do que a maioria das anteriores.

Os mercados financeiros querem continuar vendo Mario Draghi, ex-presidente do BCE e garantidor de uma política econômica ortodoxa, no cargo de primeiro-ministro. Draghi, ciente de que não tem um mandato popular, declarou que não pode continuar governando, a menos que o Movimento 5 Estrelas (M5S), de viés populista, volte para a coalizão, após se recusar a lhe dar um voto de confiança na semana passada.

O M5S desertou em protesto pela falta de apoio do governo a famílias de baixa renda que estão tentando lidar com a alta da inflação. Draghi até agora se recusou a abrir espaço para qualquer demanda por mais subsídios, pois precisa apresentar um orçamento capaz de persuadir a UE a aprovar 200 bilhões de euros de fundos de recuperação pós-pandemia.

Não há qualquer chance de que esse problema seja resolvido a tempo para a reunião do BCE na quinta-feira, o que evitará que a presidente Christine Lagarde se aprofunde em relação ao novo instrumento “antifragmentação” da instituição, cujo objetivo é evitar que as taxas dos títulos subam demais, enquanto o BCE finalmente começa a elevar os juros. Isso porque o instrumento provavelmente será condicional, dependendo especificamente do cumprimento das regras da zona do euro sobre gastos e empréstimos.

A realidade é que ninguém irá vencer a próxima eleição italiana com promessas como essa, não importa se o pleito acontecer neste ou no próximo ano.

Assim, ainda que o posicionamento do euro pareça esticado na paridade, pode facilmente ultrapassá-la no curto prazo se qualquer dos muitos riscos ao seu redor se materializar. Os analistas do JPMorgan (NYSE:JPM)  (BVMF:JPMC34) revisaram seu alvo para a moeda para 0,95 no fim de semana. Mas, por enquanto, o drama da zona do euro parece estar sendo vivido – mais uma vez – nos mercados de títulos, em vez dos mercados cambiais.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.