Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) na noite de quarta-feira, sem novidades quanto à visão do Banco Central sobre o cenário para a inflação, não deixa margem para ajustes maiores na curva de juros brasileira na quinta-feira, segundo economistas ouvidos pela Reuters.
Durante a tarde, alguns profissionais já tratavam a decisão do Copom desta quarta-feira como uma espécie de “não-evento”, já que a expectativa era de que o colegiado cortasse a taxa básica Selic em 50 pontos-base, para 11,25% ao ano, e mantivesse as linhas gerais de comunicações anteriores. Foi o que aconteceu.
“O Copom fez praticamente um ‘copia e cola’ do comunicado anterior. Não há nada que nos faça pensar em mudança de rota: serão 50 pontos-base de corte nas próximas duas reuniões”, pontuou o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano.
“E não tem nada no comunicado que possa mudar a dinâmica na curva de juros. Então, estamos nesta quinta-feira ao sabor de novos dados, ou de alguma correção lá fora”, acrescentou.
A economista-chefe da SulAmérica (BVMF:SULA11) Investimentos, Natalie Victal, fez avaliação semelhante.
“Foi praticamente um ‘copia e cola’, só com alguns ajustes. Tudo foi muito em linha com a expectativa”, avaliou Victal. “Para o Brasil, não devemos ter grandes movimentos no mercado motivados pelo BC. O que vai ditar o rumo dos mercados será o exterior”, acrescentou.
Neste sentido, a decisão de política monetária do Federal Reserve, anunciada poucas horas antes da do Banco Central do Brasil, tem maior potencial para conduzir os negócios com DIs (Depósitos Interfinanceiros) e com dólar no Brasil, nesta quinta, do que o próprio Copom.
Isso porque a mensagem do Fed deu força à visão de que os juros devem começar a cair nos Estados Unidos em maio -- e não em março, como vinha sendo largamente precificado. Algumas declarações do chair do Fed, Jerome Powell, foram neste sentido, mas ainda assim os rendimentos dos Treasuries terminaram a sessão em baixa. No Brasil, as taxas dos DIs acompanharam.
A queda dos yields nesta quarta esteve ligada a dados econômicos mais fracos que o esperado nos EUA, mas há também a percepção de que Powell e o Fed não fecharam totalmente a porta para um corte de juros já em março. Nesta quinta não estão descartados ajustes na curva de juros norte-americana, o que também pode impactar o mercado brasileiro.