O financiamento de R$ 19,3 bilhões que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou para a Águas do Rio, concessionária controlada pela Aegea para operar os serviços de água e esgoto em dois blocos no Estado do Rio, é o segundo maior da história da instituição de fomento. Fica atrás apenas do financiamento de R$ 23,4 bilhões concedido em 2012 à Norte Energia, empresa que controla a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, conforme dados do site do BNDES.
A Aegea informou sobre a aprovação do financiamento em fato relevante divulgado na manhã de hoje. A companhia informou que os contratos do financiamento serão assinados nos próximos dias.
O financiamento bilionário para a Águas do Rio trouxe uma série de instrumentos inovadores, dando mais um passo no sentido de uma operação de "project finance" puro, modelo no qual as garantias ficam todas alocadas no projeto de investimento em si, e não na empresa controladora, afirmou a diretora de Crédito à Infraestrutura, Solange Vieira. A executiva classificou a aprovação da operação como "emblemática".
"O banco está pronto para atuar em project finance non recourse", afirmou Vieira ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. "Esses instrumentos todos são muito importantes para o desenvolvimento da infraestrutura, porque isso alavanca os projetos. Precisamos dos estruturadores (de concessões de infraestrutura) mais do que do balanço deles", completou a diretora do BNDES.
Segundo o BNDES, o financiamento para a Águas do Rio é um "project finance limited recourse" porque, embora o banco de fomento tenha assumido risco de projeto em parte do valor, sem fianças ou garantias corporativas, R$ 4 bilhões do total de R$ 19,3 bilhões foram em seguro de crédito "back stop". A concessionária sacará esses R$ 4 bilhões apenas no caso de não conseguir outras fontes de financiamento. Essa porção do financiamento do BNDES tem garantias corporativas da Aegea e prazo mais curto.
Conforme informou o BNDES, o pacote de financiamento da Águas do Rio chegará a uma alavancagem total em torno de R$ 25 bilhões, incluindo os R$ 19,3 bilhões do banco de fomento. O restante do valor deverá ser completado com emissões de debêntures e empréstimos de organismos multilaterais, mas o fechamento final do pacote de financiamento ainda está em negociação pela Aegea. A expectativa do BNDES é emprestar cerca de R$ 15 bilhões, sem o saque do seguro de R$ 4 bilhões. A tendência é que mais emissões de debêntures, em 2023 e 2024, substituam o valor.