Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com – O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, atenuou as expectativas de que o banco central americano começará a reduzir as taxas de juros em breve, buscando mais evidências de que a inflação nos EUA continua a arrefecer. O Fed decidiu manter os custos do crédito nos níveis mais altos em 23 anos após sua última reunião de política monetária, mas abandona a linguagem anterior que sinalizava o potencial de aumentos adicionais. As ações dos EUA caíram após a reunião, enquanto os investidores se preparam para um novo conjunto de resultados das gigantes da tecnologia, Apple (NASDAQ:AAPL), Amazon.com (NASDAQ:AMZN) e Meta Platforms (NASDAQ:META). No Brasil, cortes dos juros tendem a seguir ritmo nas próximas reuniões de política monetária.
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1. Fed sinaliza que não tem pressa para cortar juros
O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, frustrou as expectativas de que o banco central americano poderia iniciar um ciclo de afrouxamento monetário em breve.
Em entrevista coletiva na quarta-feira, Powell disse que não trabalhava com a "premissa" de um corte de juros já em março, mesmo com os indicadores mostrando uma desaceleração da inflação. Powell e outros dirigentes do Fed afirmaram que precisam de "mais evidências" de que a alta dos preços está realmente perdendo força antes de pensar em reduzir as taxas de empréstimo.
O comunicado do Fed também indicou que os riscos para o cenário de pleno emprego e inflação baixa estavam "mais equilibrados", e retirou qualquer referência a um "ajuste adicional da política". A mudança de tom foi interpretada por muitos como um sinal de que o banco central mais poderoso do mundo havia encerrado um ciclo de aperto monetário que levou as taxas para os maiores níveis em mais de duas décadas.
No entanto, os analistas do ING destacaram que o Fed admite que sua credibilidade foi abalada depois de ter dito que "a inflação era transitória" em 2021, e depois ter revertido a rota com aumentos expressivos das taxas nos dois anos seguintes. "A última coisa que o Fed quer é cometer outro erro em um momento crítico, afrouxar cedo ou rápido demais e reaquecer as pressões inflacionárias", disseram os analistas do ING.
Diante disso, os mercados reduziram as apostas de um corte de 0,25 ponto percentual no início da primavera, com o Monitor de Juros do Fed, fornecido pelo Investing.com, mostrando agora uma probabilidade de 35% para esse cenário. No final de dezembro, quando os investidores estavam otimistas com os comentários inesperadamente "dovish" do Fed após a reunião anterior, essa probabilidade era de 73%.
Os futuros das ações dos EUA apontaram para uma abertura em alta na quinta-feira, com os investidores assimilando os comentários de Powell e aguardando uma série de resultados das megacorporações.
Às 7h55 (de Brasília), o contrato do Dow Jones avançava 0,19%, o do S&P 500 subia 0,35%, e o do Nasdaq 100 ganhava 0,68%.
Os principais índices fecharam em queda na sessão anterior, com o humor afetado pela menor expectativa de um corte de juros em março e pelo tom cauteloso de Powell. O índice S&P 500 recuou 1,6% e o índice Nasdaq Composite cedeu 2,2%, enquanto o índice Dow Jones Industrial Average perdeu 0,8%.
O que pesou sobre as ações foi o desempenho das ações da Microsoft (NASDAQ:MSFT) e da Alphabet (NASDAQ:GOOGL), a matriz do Google. As duas gigantes tecnológicas concorrentes alertaram sobre o aumento dos gastos necessários para desenvolver suas ferramentas de inteligência artificial, ofuscando o que seriam bons resultados trimestrais.
ACOMPANHE: Monitor de juros do Fed
2. Resultados trimestrais de Amazon, Apple e Meta na mira dos investidores
As ações das gigantes de tecnologia Amazon, Apple e Meta Platforms, dona do Facebook, devem divulgar seus balanços do quarto trimestre de 2023 após o fechamento do mercado na quinta-feira.
Os investidores estarão atentos ao desempenho da divisão de computação em nuvem AWS da Amazon, às vendas do iPhone da Apple e à receita de publicidade que a Meta obteve com sua plataforma de vídeos curtos Reels. O investimento em inteligência artificial (IA) também poderá ser um ponto de interesse para os analistas, que buscarão estimar quanto cada empresa planeja gastar no desenvolvimento dessa tecnologia emergente.
Essas empresas, junto com a Microsoft e a Alphabet, formam cinco das chamadas Sete Magníficas ações que lideraram a recuperação dos mercados acionários neste ano.
Em outra frente, a Qualcomm (NASDAQ:QCOM) reportou um lucro líquido do segundo trimestre fiscal que superou as projeções de Wall Street, mas os investidores ficaram preocupados com a perda de participação de mercado da fabricante de chips de IA em San Diego na China. As ações caíram nas negociações do pré-mercado dos EUA depois de terem variado nas negociações após o pregão.
CONFIRA: Calendário da temporada de balanços
3. Musk propõe mudar Tesla para o Texas após juiz anular seu pacote de US$ 56 bilhões
Elon Musk disse que a Tesla (NASDAQ:TSLA) realizará uma votação de acionistas sobre a transferência de sua sede legal para o estado americano do Texas, depois que um juiz de Delaware rejeitou seu pacote de remuneração de US$ 56 bilhões.
A juíza Kathaleen McCormick invalidou o pacote na terça-feira, alegando que era uma "quantia astronômica" que, no fim das contas, era injusta para os acionistas e negociada por um Conselho de Administração que parecia estar fascinado por um "CEO estrela".
Musk escreveu em sua rede social X logo após a decisão: "Nunca incorpore sua empresa em [...] Delaware". Mais tarde, ele fez uma enquete no X perguntando aos usuários se a Tesla deveria se mudar para o Texas, e mais de 87% dos mais de 1,1 milhão de participantes apoiaram a mudança.
Citando a enquete, Musk disse no X que a Tesla, líder na produção de carros elétricos, "agirá imediatamente" para submeter a proposta aos acionistas. A Tesla já tem uma forte presença no Texas: a empresa mudou sua sede corporativa da Califórnia para o estado do sul dos EUA em 2021.
COTAÇÕES: Commodities de energia
4. Petróleo sobe à espera da reunião da Opep+
Os preços do petróleo avançaram na quinta-feira, com os investidores na expectativa da próxima reunião do cartel de petróleo Opep+.
Às 7h55, os futuros do petróleo dos EUA eram negociados com alta de 0,83%, a US$ 76,48 por barril, enquanto o contrato do Brent subia 0,84%, para US$ 81,23 por barril.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, conhecida como Opep+, deve realizar uma reunião do Comitê Conjunto de Monitoramento Ministerial no final do dia - seu primeiro grande encontro de 2024.
Não se espera que a reunião traga nenhuma alteração na produção, principalmente após as dificuldades que o grupo enfrentou para fechar um acordo sobre cortes na oferta no final de 2023.
5. Copom mantém ritmo de cortes nos juros
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve o ritmo de cortes na taxa de juros e reduziu a Selic em meio ponto percentual de 11,75% para 11,25% ao ano. Além disso, sinalizou que as próximas diminuições devem ser da mesma magnitude. No comunicado, o Com informou que “os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”.
David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America (NYSE:BAC), destaca que o Comitê reforçou a preocupação fiscal e o cenário externo desafiador. “No comunicado, a diretoria do Banco Central do Brasil (BCB) mencionou a volatilidade no front externo, exigindo cautela dos países emergentes”.
“Na primeira reunião de política monetária, os dois novos conselheiros, Paulo Pichetti e Rodrigo Alves, votaram de forma consistente com os demais membros, sem dar sinais específicos”, completa Beker.
Às 7h55 (de Brasília), o ETF (NYSE:EWZ) perdia 0,73% no pré-mercado.
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