Por Peter Nurse
Investing.com - Wall Street deve se recuperar das fortes vendas de quinta-feira, enquanto o petróleo se estabiliza. Há uma abundância de dados hoje que podem colocar esse tom à prova.
O Reino Unido sofreu uma queda recorde na produção em abril, no auge de seu bloqueio, enquanto as ações da Tesla estão perdendo alguns amigos de bancos de investimentos após sua subida meteórica.
Veja o que você precisa saber nos mercados financeiros na sexta-feira, 12 de junho.
1. Ações devem se recuperar fortemente após choque de realidade
As bolsas de valores nos EUA devem subir na sexta-feira, recuperando-se após a acentuada liquidação de quinta-feira, cujo desempenho foi um atestado de choque de realidade, dados os fortes ganhos em Wall Street nos últimos meses.
Às 8h03 (horário de Brasília), o contrato do Dow Jones 30 Futuros subia 561 pontos ou 2,24%, enquanto o contrato do S&P 500 Futuros tinha alta de 1,92% e o Nasdaq 100 futuros registrava alta de 1,58%.
Wall Street caiu em uma ampla liquidação na quinta-feira, com Dow Jones sofrendo seu maior declínio em um dia desde meados de março, quando um salto nas novas infecções por Covid-19 ameaçou desacelerar o ritmo das reaberturas, levando os investidores a abandonar as ações e fugir para ativos de segurança.
O Dow Jones Industrial Average caiu 6,9%, ou 1.861 pontos. O S&P 500 perdeu 5,9%, enquanto o Nasdaq Composite registrou baixa de 5,3%.
Os índices estão a caminho de terminar um rali de três semanas, com o DJIA caindo 7% até agora na semana, o S&P 500 perdendo 6% e o Nasdaq Composite com queda 3%.
"As ações estavam sendo negociadas em alta em grande parte devido a três fatores: uma recuperação em forma de V da economia e dos ganhos reais, otimismo na área médica e de saúde pública e probabilidade de apoio adicional por parte do Fed e das autoridades fiscais", disse John Velis, FX e macro estrategista das Américas da BNY Mellon em uma nota para os clientes.
2. Reino Unido sofre queda de produção recorde
A economia da Grã-Bretanha sofreu um colapso recorde em abril, recuando 20,4% ante março, durante o mês com fortes medidas de isolamento social no combate ao coronavírus.
"A queda PIB de hoje é recorde. Ao juntar abril e março, a economia diminuiu 25%. A economia em abril tem o mesmo tamanho de 2002", disse o estatístico do ONS Rob Kent-Smith no Twitter.
"Praticamente todas as áreas da economia foram atingidas, com pubs, educação, saúde e vendas de carros dando as maiores contribuições para essa queda histórica", disse Jonathan Athow, vice-estatístico nacional de estatística econômica.
Esses números são particularmente fracos quando comparados aos principais rivais europeus do Reino Unido.
O Banco da França estimou na quinta-feira que a economia francesa mostraria uma contração trimestral de 15% no período de abril a junho, enquanto a produção industrial alemã caiu 17,9% em abril em relação a março.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico alertou na quarta-feira que a Grã-Bretanha está a caminho da pior crise entre todas as principais potências econômicas, prevendo que sua economia contrairia 11,5% este ano.
3. Dados econômicos pesados
Há vários indicadores econômicos para serem lançados na sexta-feira, com a pesquisa do Sentimento do Consumidor de Michigan, cuja versão principal está prevista para ser divulgada às 11h.
As expectativas são de um número de 75 para junho, acima dos 72,5 do mês anterior, com o sentimento provavelmente subindo com as empresas reabrindo e as restrições individuais sendo afrouxadas em grande parte do país.
Dito isto, o número de casos do vírus continua a aumentar em vários estados mais populosos, enquanto o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, foi otimista em sua avaliação das perspectivas econômicas no início desta semana.
Antes disso, o índice de preços de importação de maio, que mede a variação no preço de bens e serviços importados adquiridos nos EUA, deve chegar em alta de 0,6%, em comparação com uma contração de 2,6% para no mês anterior.
Já para o índice de preços de exportação de maio, espera-se um ganho de 0,6% em comparação com uma contração de 3,3% no mês anterior. Os investidores buscam acompanhar se houve alterações nas exportações dos EUA com um aumento nas mercadorias vendidas no exterior ou apenas um aumento no preço das mercadorias exportadas.
Ambos os índices serão divulgados às 9h30.
4. Preços do petróleo devem cair no acumulado da semana
Os preços do petróleo subiam na sexta-feira, depois das fortes perdas de quinta-feira em meio a temores de um aumento nas novas infecções por coronavírus em muitos estados dos EUA, que podem impedir uma recuperação frágil da demanda do maior consumidor do mundo, enquanto os estoques crescentes suscitam novas preocupações sobre o excesso de oferta.
No entanto, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse que os EUA não devem bloquear a economia novamente, mesmo se houver outro salto nos casos de coronavírus, ajudando o tom na sexta-feira.
"Em nossa opinião, o custo para recorrer aos bloqueios parece muito alta", disse o Danske Bank, em nota aos clientes. "Não menos importante nos EUA, onde há forte oposição a isso".
Além disso, "o mercado de petróleo está atrasado, e os preços estão um pouco à frente dos fundamentos reais", disse Warren Patterson, chefe de estratégia de commodities do ING Bank NV, em Cingapura. "Enquanto o mercado está passando de um ambiente excedente para deficitário, os estoques permanecem em níveis elevados e as margens das refinarias ainda são muito fracas."
O petróleo está caminhando para a primeira perda semanal desde o final de abril, também ponderada por um aumento recorde nos estoques de petróleo americano, o que levantou novas preocupações sobre um excesso de oferta potencial.
A atenção na sexta-feira está para o lançamento semanal da contagem de plataformas Baker Hughes, um importante barômetro comercial para a indústria de perfuração de petróleo.
Às 8h17, os contratos futuros de petróleo dos EUA subiam 0,39%, para US$ 36,48 por barril, enquanto o índice de referência global Brent tinha ganhos de 0,6%, para US$ 38,78 por barril.
5. Hora de abandonar as ações da Tesla (NASDAQ:TSLA)?
As ações da Tesla têm sido uma das mais desejadas em Wall Street nos últimos anos, subindo cerca de 145% em 2020, tornando a fabricante de veículos elétricos da Califórnia a melhor performance da Nasdaq.
As ações subiram acima de US$ 1.000 pela primeira vez na quarta-feira, resultando em uma capitalização de mercado de US$ 120 bilhões, próxima à da Toyota, a maior montadora do mundo.
No entanto, pode ser o momento para os investidores pensarem cuidadosamente em possuir as ações, pelo menos é o que pensam alguns gigantes de bancos de investimento.
O Morgan Stanley (NYSE:MS) rebaixou a Tesla para abaixo da performance do mercado no início da sexta-feira, dizendo que seu preço elevado não reflete adequadamente os riscos emergentes, citando cortes de preços na China e nos EUA.
O Goldman Sachs (NYSE:GS) também rebaixou sua posição de investimento na montadora na sexta-feira para neutra em 12 meses, citando uma avaliação elevada. No entanto, permaneceu positivo na ação a longo prazo.