Por Geoffrey Smith e Ana Carolina Siedschlag
Investing.com - O progresso global em domesticar a Covid-19 diverge cada vez mais à medida que o presidente americano Joe Biden dobra a meta de vacinação e o Brasil chega a 100 mil infectados por dia. Os dados de renda e gastos pessoais dos EUA ficam no radar, enquanto o bloqueio contínuo do Canal de Suez pode concentrar mais atenção do que o normal nos números mensais dos estoques no varejo e no atacado. O Fed levantou os limites para recompra de ações de bancos. Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na sexta-feira, 26 de março.
1. Divergência da pandemia aumenta com Biden dobrando a meta de vacinação
O progresso mundial na contenção da pandemia Covid-19 está vacilando, com o desempenho americano divergindo cada vez mais acentuadamente.
Os EUA parecem ser os mais propensos a se juntar à China para controlar a doença, embora as novas taxas de infecção pareçam ter chegado ao fundo do poço nos últimos dias. O presidente Joe Biden acelerou o cronograma para vacinar a população dos EUA, dizendo que agora tem como alvo 200 milhões de doses nos primeiros 100 dias do governo. A meta inicial de 100 milhões foi alcançada.
Na União Europeia, no entanto, as taxas de infecção continuam a subir em todas as grandes economias ao norte dos Alpes. O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, alertou na sexta-feira sobre “sinais claros” de que a última onda de Covid-19 será pior do que as duas primeiras.
2. Enquanto isso, no Brasil
Enquanto isso, o sistema de saúde brasileiro segue em colapso, com recorde de contaminações registradas em um único dia, cemitérios de São Paulo liberando sepultamentos depois das 22h e hospitais privados na iminência de ficarem sem remédios para o tratamento da Covid-19.
O Brasil registrou nesta quinta-feira 100.158 novos casos de coronavírus, superando pela primeira vez desde o início da pandemia o patamar de 100 mil infecções em um único dia, segundo dados do Ministério da Saúde.
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As montadoras Nissan (T:7201) e Toyota (T:7203) (SA:TMCO34) anunciaram ontem a suspensão das atividades no Brasil por causa do agravamento da transmissão da doença, seguindo decisões parecidas da Mercedes-Benz e da Volkswagen (DE:VOWG).
No meio disso, uma notícia positiva: o Instituto Butantan deve falar hoje sobre a produção da ButanVac, a primeira vacina brasileira contra a Covid-19. A instituição deve pedir autorização de testes à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A ideia é fabricar 40 milhões de doses até o final do ano.
3. Renda pessoal, gastos no radar
Os dados de renda pessoal e gastos pessoais dos EUA para fevereiro serão publicados às 9h30, horário de Brasília. A renda deve ter caído 7,3% após um aumento de 10% em janeiro, enquanto os gastos pessoais devem ter caído 0,7%, após uma alta de 2,4% no mês passado.
Haverá também o índice de preços mais recente para despesas de consumo pessoal, a medida de inflação preferida do Fed, bem como a pesquisa Michigan Consumer Sentiment.
4. Fed deve acabar com as restrições de pagamento bancário
O Federal Reserve sinalizou que qualquer risco da pandemia para a estabilidade do sistema bancário atingiu seu pico. A autoridade afirmou na quinta-feira que levantará as restrições aos dividendos da maioria dos bancos e recompras de ações que impôs no início da pandemia.
Depois de provisionarem dezenas de bilhões de dólares contra possíveis perdas de crédito, os bancos registraram uma forte recuperação no lucro no terceiro trimestre, antes de oscilar novamente no último trimestre de 2020.
As proibições serão suspensas em 30 de junho, mas permanecerão em vigor por mais três meses para qualquer banco considerado com escassez de capital na atual rodada de testes de estresse do Fed, cujos resultados também devem ser realizados no final de junho.
A notícia chega uma semana depois que a autarquia efetivamente encerrou o relaxamento temporário das regras de capital para os bancos, também instituído no início da pandemia.
5. Bloqueio de Suez deve durar até a próxima semana
Uma das vias navegáveis mais importantes do mundo deve permanecer bloqueada pelo menos até o meio da próxima semana, de acordo com vários relatos.
A maré alta esperada para sábado provavelmente não será suficiente para libertar o navio porta-contêineres Ever Given, que está preso contra a parede lateral do Canal de Suez.
A Bloomberg informou que o número de navios aguardando entrada no Canal agora aumentou de 185 para mais de 300 na quinta-feira. Isso provavelmente levará a interrupções consideráveis nas cadeias de abastecimento de tudo, desde petróleo e gás natural liquefeito a plásticos e celulose. Os futuros do petróleo bruto subiram mais de 1,5% durante a noite, mas ainda em curso para terminar a semana em queda.