Fique por dentro das principais notícias do mercado desta quinta-feira

Publicado 03.04.2025, 08:17
© Reuters

Investing.com — Os índices futuros das bolsas americanas operavam em queda nesta quinta-feira, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma nova rodada de tarifas que ameaça desestruturar a ordem comercial global vigente há décadas.

As medidas incluem tarifas amplas sobre todas as importações, além de alíquotas elevadas para países que o presidente classifica como "agentes desleais" nas relações comerciais.

As tarifas sobre o setor automotivo, já anunciadas anteriormente, também entram em vigor, acirrando ainda mais o ambiente de incerteza.

No Brasil, os investidores ficarão atentos à reação das autoridades, bem como a dados econômicos no PMI composto e de serviços, a serem divulgados pela S&P Global.

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1. Trump anuncia seu pacote tarifário

Na quarta-feira, Trump divulgou o conjunto mais amplo de tarifas de seu mandato até o momento, com a imposição de uma tarifa base de 10% sobre todas as importações e taxas superiores para diversos parceiros comerciais tradicionais, como resposta a práticas comerciais consideradas injustas.

Entre os países que enfrentarão as chamadas “tarifas recíprocas ajustadas” — destinadas a compensar barreiras tarifárias e não tarifárias impostas aos EUA — estão China, União Europeia, Índia e Japão. A Casa Branca classifica esses países como “agentes problemáticos” nas trocas comerciais.

Durante o evento no Jardim das Rosas, Trump anunciou uma nova tarifa de 34% sobre produtos chineses, que se soma ao encargo de 20% já implementado anteriormente este ano. Dan Ives, analista da Wedbush Securities, alertou que ações de tecnologia devem enfrentar pressão adicional em função dessas medidas.

As exportações da União Europeia para os EUA agora enfrentam tarifa de 20%, enquanto as mercadorias oriundas da Índia serão taxadas em 26%. Produtos do Japão receberão tarifa de 24%.

A tarifa base de 10% entra em vigor no dia 5 de abril, e as tarifas elevadas passam a valer em 9 de abril.

Trump e membros da Casa Branca defendem que as medidas são necessárias para corrigir desequilíbrios comerciais, aumentar a arrecadação federal e estimular a reindustrialização dos Estados Unidos.

“Vamos voltar a ser muito ricos”, afirmou Trump.

Economistas, por outro lado, alertam que a medida tende a elevar preços e prejudicar o crescimento, enquanto empresas vêm relatando dificuldade de planejamento diante do cenário incerto.

“No longo prazo, pode haver benefícios, mas as medidas adotadas implicam um período de transição difícil”, avaliou James Knightley, economista-chefe internacional do ING.

O anúncio gerou forte reação em Wall Street, com os contratos futuros das bolsas indicando continuidade da pressão sobre os ativos de risco e enfraquecimento do dólar.

Às 8h15 de Brasília, o Dow Jones recuava 1.142 pontos (2,70%), o S&P 500 caía 185 pontos (3,28%) e o Nasdaq 100 perdia 722 pontos (4,55%), no mercado futuro. Na sessão anterior, os principais índices haviam encerrado com leves ganhos.

CONFIRA: Cotação das ações dos EUA na pré-abertura em Wall Street

As bolsas asiáticas, primeiras a reagir, registraram forte queda.

O índice do dólar recuava, enquanto o movimento global de aversão ao risco também afetava o Bitcoin.

O ouro, tradicional ativo de proteção em momentos de estresse nos mercados, permanecia próximo das máximas históricas, enquanto os preços do petróleo recuavam, refletindo temores sobre os impactos das tarifas na demanda global por energia.

“Os detalhes das tarifas são tão negativos quanto se poderia imaginar”, escreveram analistas da Vital Knowledge em nota a clientes.

“Em vez de adotar um tom conciliador, com abertura para negociação futura, Trump apresentou as tarifas como instrumento necessário para corrigir décadas de acordos comerciais prejudiciais e reconstruir a base industrial americana”, avaliaram.

2. Tarifas automotivas entram em vigor

As tarifas recíprocas não foram as únicas novas medidas implementadas nesta quinta-feira.

Entraram em vigor à meia-noite tarifas de 25% sobre todos os automóveis produzidos no exterior. Contudo, veículos em conformidade com o Acordo EUA-México-Canadá (USMCA), firmado durante o primeiro mandato de Trump, estão temporariamente isentos. A tarifa sobre autopeças começa a valer em 3 de maio.

Papéis listados de montadoras americanas, como Ford (NYSE:F), General Motors (NYSE:GM) e Stellantis (NYSE:STLA), operavam em queda no pós-mercado.

Nos primeiros meses do novo mandato, Trump já havia implementado outras tarifas: mercadorias oriundas do México e Canadá que não atendem ao USMCA passaram a pagar alíquota de 25% — exceto produtos energéticos, que enfrentam tarifa de 10%. Nenhum dos dois países será alvo de novas tarifas além dessas.

Em março, uma tarifa separada de 25% foi aplicada a todas as importações de aço e alumínio. Esses metais, bem como veículos e autopeças, não foram incluídos nas tarifas anunciadas agora. Energia e minerais considerados “não disponíveis nos EUA” também foram isentos.

Trump mencionou ainda a possibilidade de aplicar tarifas adicionais de 25% sobre cobre e madeira importados, além de uma taxa similar sobre bens provenientes de países que compram petróleo e gás da Venezuela.

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3. Reações internacionais e medidas de retaliação no radar

O anúncio marca mais um capítulo na escalada da guerra comercial global.

Diversas reações surgiram ao redor do mundo, enquanto crescem as dúvidas sobre o grau de abertura da Casa Branca para renegociar acordos comerciais.

A China prometeu anunciar uma resposta, afirmando que “ninguém sai ganhando em uma guerra comercial”. O Ministério do Comércio chinês classificou as tarifas como “intimidação unilateral”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o bloco europeu responderá de forma unificada: “Se atacar um de nós, ataca todos nós.” Ela reiterou que a União Europeia possui um “plano robusto” para reagir às tarifas, embora reafirme a preferência por uma solução negociada.

O presidente da Suíça declarou que tomou nota da tarifa de 31% imposta ao país e afirmou que as autoridades suíças “vão definir rapidamente os próximos passos”. A Suíça não faz parte da União Europeia.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, criticou as tarifas, afirmando que “não têm base lógica”, mas descartou medidas retaliatórias, classificando-as como uma “corrida para o fundo do poço”.

4. Kugler, do Fed, alerta sobre riscos inflacionários

Em paralelo, na quarta-feira, a diretora do Federal Reserve, Adriana Kugler, alertou para os “riscos altistas” para a inflação decorrentes das mudanças de política promovidas por Trump, incluindo as tarifas de importação.

Em evento na Universidade de Princeton, Kugler observou que o progresso rumo à meta de inflação de 2% do Fed tem perdido tração e pode ter estagnado, justificando a manutenção das taxas de juros no patamar atual.

Ela acrescentou que o mercado de trabalho dá sinais de moderação, embora ainda sem apresentar deterioração significativa.

Na reunião mais recente, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) manteve a taxa de juros entre 4,25% e 4,50%, citando, entre outros fatores, a falta de clareza sobre os efeitos das tarifas. As projeções para 2025 indicam expectativa de inflação mais alta e crescimento abaixo do previsto anteriormente, em dezembro.

5. PMIs no Brasil e reação às tarifas de Trump

O mercado acompanhará hoje mais dados sobre a atividade econômica do Brasil, com destaque para os Índices de Gerentes de Compras (PMIs) Composto e de Serviços, da S&P Global, bem como a repercussão do pacote tarifário de Trump.

Na divulgação anterior, o PMI Composto do Brasil subiu para 51,2 pontos em fevereiro, sinalizando expansão da atividade econômica, com destaque para a indústria, que superou o setor de serviços em novos pedidos, produção e geração de empregos. O PMI de Serviços também mostrou crescimento, ao subir para 50,6 em fevereiro, após retração em janeiro, graças a uma leve melhora na demanda e aumento de contratações, que atingiram o maior ritmo em nove meses.

Entre os destaques de ontem, os investidores ficaram atentos às reações das autoridades em relação ao amplo pacote de tarifas divulgado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

No âmbito legislativo, a Câmara dos Deputados aprovou a chamada “Lei de Reciprocidade Econômica”, que autoriza o governo brasileiro a adotar medidas contra países ou blocos econômicos que impuserem barreiras às exportações nacionais, como tarifas ou exigências ambientais unilaterais. O texto é uma resposta à escalada tarifária do governo norte-americano, que aplicou uma tarifa adicional de 10% sobre produtos brasileiros.

Em nota conjunta, os ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços afirmaram que a medida viola compromissos dos EUA na Organização Mundial do Comércio e prejudica todas as exportações brasileiras. O governo destacou que os EUA têm superávits comerciais recorrentes com o Brasil e avaliou a tarifa como injustificável.

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