Juros futuros recuam após dados de inflação moderados nos EUA
Investing.com – Os mercados globais seguem atentos à escalada da tensão geopolítica no Oriente Médio, à expectativa pela decisão do Federal Reserve e a movimentações no setor corporativo.
Os preços do petróleo sofrem correção nesta manhã, com o conflito entre Israel e Irã gerando volatilidade nas cotações. O tema deve dominar a pauta da cúpula do G7, que acontece nesta semana no Canadá.
No Brasil, a atenção dos investidores estará voltada a dados e projeções econômicas, bem como aos próximos passos do banco central.
1. Futuros em alta em Wall Street
Os índices futuros dos EUA registram ganhos nesta manhã, em meio à análise dos desdobramentos geopolíticos e à expectativa pela decisão de política monetária do Fed, marcada para a quarta-feira.
Às 8 h de Brasília, o contrato futuro do Dow Jones subia 181 pontos, ou 0,4%, enquanto o S&P 500 avançava 29 pontos (0,5%) e o Nasdaq 100 ganhava 113 pontos, também equivalente a 0,5%.
Na última sexta-feira, os principais índices de Wall Street encerraram o pregão em queda, pressionados por uma nova onda de ataques aéreos entre Israel e Irã, que elevou o risco geopolítico e comprometeu o apetite por risco. O setor de defesa registrou forte valorização após os eventos. Já os papéis de empresas aéreas sofreram com o impacto do petróleo mais caro nos custos operacionais, enquanto companhias de energia foram beneficiadas pela alta da commodity.
2. Petróleo e conflito no Oriente Médio
Os preços do petróleo registravam correção nesta segunda-feira, com os investidores acompanhando de perto os desdobramentos do confronto entre Israel e Irã, que apresenta poucos sinais de distensão.
No momento da redação, o contrato futuro do Brent caía 1,25%, cotado a US$ 73,60 por barril, enquanto o WTI recuava 1,23%, alcançando US$ 70,42. Ambos os referenciais chegaram a saltar mais de US$ 4 no início da sessão.
O fim de semana foi marcado por novos bombardeios que resultaram em vítimas civis, elevando o temor de um conflito de maior escala na região. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, o Irã informou aos mediadores Omã e Catar que se recusará a participar de qualquer tentativa de cessar-fogo sob liderança americana enquanto os ataques israelenses prosseguirem.
Em resposta, Israel orientou civis iranianos próximos a instalações nucleares a deixarem as áreas. As forças israelenses atingiram esses alvos e também estruturas associadas a programas de mísseis balísticos. Novas ofensivas, incluindo o bombardeio de locais de lançamento de mísseis superfície-superfície, foram registradas nesta segunda-feira.
3. Cúpula do G7
A escalada entre Israel e Irã deve ser prioridade nas discussões da reunião do Grupo dos Sete, marcada para esta semana no Canadá.
Segundo veículos de imprensa, os líderes pretendem divulgar um comunicado conjunto pedindo moderação às partes envolvidas. O chanceler alemão, Friedrich Merz, declarou que defenderá uma posição equilibrada: de um lado, impedindo o avanço nuclear iraniano e garantindo o direito de defesa de Israel; de outro, mantendo aberta a via diplomática.
Nos bastidores, há expectativa de que os líderes evitem choques diretos com o presidente dos EUA, Donald Trump, especialmente em meio a negociações comerciais em andamento relacionadas às tarifas punitivas aplicadas sob o argumento da reciprocidade.
O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, afirmou que a cúpula promoverá a busca por estabilidade regional. No entanto, sinalizou que o Canadá poderá adotar contramedidas, caso Washington não revise as tarifas sobre aço e alumínio.
4. Juros nos EUA e no Brasil
O Federal Reserve inicia amanhã uma reunião de dois dias, cuja decisão será anunciada na quarta-feira. A expectativa majoritária entre analistas e investidores é que a taxa básica permaneça estável, em torno de 4,5% ao ano.
A atenção dos mercados, contudo, estará voltada aos sinais sobre a trajetória futura da política monetária. A combinação de dados inflacionários mais contidos e de uma economia que começa a mostrar sinais de desaquecimento aumentou as apostas de que o banco central norte-americano poderá suavizar sua postura nas próximas reuniões.
Até o momento, a autoridade monetária tem reiterado sua disposição de manter os juros nos níveis atuais no curto prazo. Contudo, a sucessão de indicadores indicando desaceleração, como a perda de dinamismo no mercado de trabalho e a menor expansão do PIB, reforça a percepção de que uma mudança de discurso pode ocorrer nos próximos comunicados.
Outro elemento de pressão sobre o comitê de política monetária vem do presidente Donald Trump, que tem cobrado publicamente cortes adicionais nos juros, em meio a um ambiente de tarifas comerciais ainda incerto. Em 2024, o Fed reduziu o juro em um ponto percentual, mas o ritmo projetado para este ano é substancialmente mais cauteloso.
Além da decisão de quarta-feira, os participantes do mercado acompanharão, ao longo desta segunda-feira, a divulgação de indicadores industriais, que podem oferecer pistas adicionais sobre o momento da atividade econômica nos EUA.
No Brasil, a maior parte dos agentes do mercado financeiro pesquisados pelo Poder360 projeta que o banco central manterá a taxa Selic em 14,75% ao ano na reunião da próxima quarta-feira, interrompendo um ciclo de seis elevações consecutivas.
Embora algumas instituições prevejam uma alta residual de 0,25 ponto percentual, há consenso de que o atual nível elevado dos juros busca conter a inflação, que acumula 5,32% em 12 meses até maio, acima do teto da meta.
A decisão será tomada em meio a tensões entre a política monetária do BC e as medidas expansionistas do governo Lula, como o programa Crédito ao Trabalhador, que visam estimular o crescimento econômico.
5. Projeções para economia brasileira
O mercado local também ficará atento a novas projeções para os principais indicadores da economia brasileira no boletim Focus, pesquisa semanal do banco central com agentes do mercado.
O relatório divulgado na semana passada mostrou uma queda na previsão de inflação para este ano, agora em 5,44%, com manutenção da estimativa para 2026 em 4,50%, acima da meta central de 3% definida pelo BC. Ao mesmo tempo, analistas elevaram a previsão de crescimento do PIB para 2025, de 2,13% para 2,18%, e ligeiramente para 2026, de 1,80% para 1,81%. As expectativas para a Selic foram mantidas em 14,75% ao fim de 2025 e 12,50% ao fim de 2026, consolidando 19 semanas de estabilidade nessas projeções. Já a estimativa de cotação do dólar para 2025 foi de R$5,80, enquanto a previsão para 2026 foi ajustada marginalmente para R$5,89.
Outro dado importante a ser divulgado hoje é o IBC-Br, indicador do banco central que tenta antecipar o crescimento do PIB brasileiro, para o mês de abril. O resultado pode influenciar a próxima decisão de juros do banco central, pois mostrará quão eficiente tem sido o ciclo de aperto monetário em arrefecer a economia. Caso o dado venha acima das expectativas, alguns analistas consideram que o BC precisará realizar mais uma alta residual na Selic de 0,25% para 15% ao ano.