Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - Grandes bancos e outras instituições melhoraram suas projeções para a expansão da atividade econômica brasileira em 2022 nesta quinta-feira, em resposta ao crescimento de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro.
Esse resultado, divulgado mais cedo pelo IBGE, veio acima do esperado e foi impulsionado pela recuperação do setor de serviços, bem como pelo aumento do consumo das famílias e dos investimentos. O dado do primeiro trimestre foi revisado para alta de 1,1%, ante 1,0% informado inicialmente.
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Na esteira dos dados, o Bank of America (NYSE:BAC) elevou sua projeção para o crescimento da atividade econômica brasileira em 2022 para 3,25%, contra estimativa anterior de 2,5% --taxa que já era bem mais otimista que boa parte dos prognósticos de mercado.
"A atividade iniciou 2022 em ritmo forte, apesar do impacto negativo inicial da onda Ômicron (da Covid), e manteve seu desempenho ao longo do segundo trimestre", disse em relatório David Beker, chefe de economia no Brasil e de estratégia para América Latina do BofA.
"Isso aconteceu antes mesmo da redução do ICMS, do aumento do Auxílio Brasil e da redução do preço dos combustíveis, que devem ter grande influência positiva nos resultados do próximo semestre."
O Goldman Sachs (NYSE:GS) também adotou visão mais otimista para o Brasil depois da publicação dos dados, e elevou seu prognóstico para o crescimento econômico do país neste ano a 2,9%, contra projeção anterior de 2,2%.
"A economia teve um desempenho surpreendentemente bom durante o primeiro semestre, apesar do aperto significativo das condições financeiras e da aceleração da inflação", disse Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs.
A gigante de pesquisa econômica Capital Economics, por sua vez, melhorou sua estimativa para o crescimento do PIB brasileiro neste ano a 2,5%, contra taxa de 2,0% prevista em cenário anterior.
Enquanto isso, algumas instituições financeiras mantiveram suas projeções para a atividade brasileira neste ano, mas passaram a enxergar viés positivo para seus prognósticos na esteira dos dados do PIB do segundo trimestre.
O Itaú (BVMF:ITUB4) e a XP (BVMF:XPBR31), por exemplo, disseram em relatórios separados que os dados desta quinta-feira impuseram viés de alta para suas projeções atuais de crescimento em 2022 --ambas em 2,2%. Já o Santander (BVMF:SANB11) passou a ver "riscos de alta significativos" para seu cenário de expansão de 1,9%.
2023: DESACELERAÇÃO À FRENTE
Apesar do otimismo para este ano, boa parte dessas mesmas instituições tem em comum a previsão de desaceleração econômica no ano que vem, em meio a adversidades tanto locais quanto externas.
Beker, do Bofa, por exemplo, citou uma desaceleração econômica global e efeitos defasados do ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central do Brasil como riscos negativos para a atividade na segunda metade deste ano.
Esses fatores também foram citados por Ramos, do Goldman Sachs, que acrescentou preocupação com o alto endividamento das famílias e com a incerteza política pós-eleições presidenciais. "Em 2023, esperamos que a economia cresça pouco menos de 1%", afirmou.