Por Maytaal Angel
LONDRES (Reuters) - Os preços do açúcar bruto devem registrar um ganho anual de quase 20% em 2024, à medida que o mercado global passa a ter um déficit na próxima temporada, mostrou uma pesquisa da Reuters com 12 traders e analistas.
O açúcar deve fechar o ano em 24,5 centavos de dólar por libra-peso, 5% acima do fechamento de terça-feira e até 19% acima dos níveis do final do ano passado, de acordo com a previsão mediana da pesquisa.
Espera-se que a produção no centro-sul do Brasil, a principal região produtora, permaneça forte, apesar de uma queda modesta na safra de cana, com as usinas favorecendo a produção do adoçante em vez do etanol.
No entanto, espera-se uma queda na produção do segundo maior produtor, a Índia.
"O mercado de açúcar continua estressado. Depender de uma única fonte de suprimento não é saudável, e o centro-sul do Brasil não pode salvar o mercado sozinho. Sem crescimento na Índia, a produção global de açúcar em 2024/25 provavelmente cairá", disse a empresa de serviços de cadeia de suprimentos Czarnikow.
A estimativa mediana da pesquisa foi de um excedente global de açúcar de 500.000 toneladas métricas para a atual temporada 2023/24 (outubro a setembro), que se transformará em um déficit de 700.000 toneladas em 2024/25.
A produção de açúcar do centro-sul do Brasil, maior produtor, deverá ser de 42,1 milhões de toneladas na próxima safra 2024/25 (abril a março), de acordo com a mediana das estimativas, contra 42,1 milhões de toneladas estimadas até o momento nesta safra, segundo a Organização Internacional do Açúcar (OIA).
Um possível pequeno aumento na produção brasileira na próxima temporada ocorreria apesar de uma safra de cana do centro-sul que os participantes da pesquisa preveem em 620 milhões de toneladas na próxima safra de 2024/25, contra 645 milhões de toneladas estimadas nesta temporada, de acordo com a OIA.
As usinas brasileiras estão desviando mais cana para a produção de açúcar em vez do etanol à base de cana, com os participantes da pesquisa da Reuters prevendo um mix de produção de 51,5% na próxima temporada em favor do adoçante.
"A safra 24/25 do Brasil parece muito improvável de atingir os altos números que estavam em torno do final de dezembro/início de janeiro. Os estoques globais continuam apertados, enquanto um excedente substancial seria necessário para reabastecê-los -- o que agora parece muito improvável", disseram os analistas da Green Pool.
Os preços do açúcar branco foram previstos para terminar o ano em 700 dólares por tonelada métrica, 6% acima do fechamento de terça-feira e até 17% acima dos níveis vistos no final de 2023.
O segundo maior produtor de açúcar, a Índia, deverá produzir 31,6 milhões de toneladas de açúcar na atual temporada 2023/24 (outubro-setembro), caindo para 29 milhões na próxima temporada 2024/25.