A menos de uma semana de uma importante decisão de juros do Federal Reserve, o principal arquiteto da política monetária dos EUA foi alvo de uma pegadinha na Rússia feita por impostores que se passaram pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
A gravação de Jerome Powell sendo enganado em uma ligação telefônica circulou na Rússia e recebeu ampla cobertura da mídia estatal, segundo agências de notícias.
Em comunicado à Bloomberg, um porta-voz do Fed confirmou que Powell "participou de uma conversa em janeiro com alguém que se apresentou como o presidente ucraniano". O Fed caracterizou a conversa como "amigável" e disse que nenhuma informação sensível ou confidencial foi discutida.
Ainda que seja improvável que esse episódio tenha qualquer influência na decisão de juros da próxima semana ou na política monetária do Fed, suscita dúvidas quanto à segurança do banco central dos EUA, no momento em que sua credibilidade é contestada, após os dirigentes do banco terem insistido por muito tempo que a inflação nos EUA era transitória.
Não será nada fácil a decisão do Fed na próxima semana de interromper os aumentos de juros ou elevar as taxas mais uma vez em 0,25%. É preciso lembrar que a inflação no país segue elevada. Isso ficou evidente nos dados do PIB divulgados na manhã desta quinta-feira, mostrando que os gastos com consumo pessoal subiram 4,9% no primeiro trimestre. Além disso, as taxas de juros elevadas provocaram problemas no setor bancário norte-americano, sobretudo com o First Republic Bank (NYSE:FRC) à beira de uma intervenção do FDIC, demonstrando que esses problemas ainda estão longe de serem plenamente afastados.
Os investidores que apostam no resultado da reunião do Fed esperam que o Fomc, comitê de política monetária dos EUA, suba os juros em 0,25% na semana que vem, dando por encerrado o ciclo recente de aperto no curto prazo.
Apesar da resistência do Fed, alguns investidores acreditam que o banco central acabará reduzindo os juros ainda este ano. Atualmente, os contratos futuros e swaps de juros (Fed Funds) precificam pelo menos um corte de 25 pb antes do fim de 2023. Uma das tarefas mais difíceis de Powell na semana que vem será manter a credibilidade do Fed, ao reconhecer ou não essas possibilidades.
Com tantas questões em jogo, a última coisa que Powell deseja neste momento é minar a confiança dos investidores em sua liderança e na instituição.