SÃO PAULO (Reuters) -A Stone&Co (NASDAQ:STNE) teve lucro líquido ajustado de 236,6 milhões de reais no primeiro trimestre, mais que cinco vezes o desempenho de um ano antes, impulsionado por receitas maiores e controle de custos, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira.
A companhia que presta uma série de serviços a lojistas, incluindo de meios de pagamento e antecipação de recebíveis, apurou uma geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 1,25 bilhão de reais, 55,7% maior que o obtido no primeiro trimestre de 2022.
Analistas, em média, esperavam que a Stone apresentasse lucro líquido de 215,8 milhões de reais e Ebitda de 1,3 bilhão, segundo dados da Refinitiv.
A receita líquida da empresa disparou 31% no primeiro trimestre sobre um ano antes, para 2,7 bilhões de reais, ante expectativa média do mercado de 2,67 bilhões. Na linha de custos, o de serviços como percentual da receita líquida caiu de 32,6% para 26,6% e as despesas administrativas recuaram de 11,5% para 11%.
O aumento no faturamento foi apoiado em parte por um incremento na taxa de comissão cobrada dos lojistas que foi a 2,39% entre janeiro e o fim de março, após 2,21% no fim de 2022 e 2,06% no primeiro trimestre do ano passado.
O movimento de alta da taxa, chamada pelo setor de "take rate", afetado em parte pelo agressivo aumento de juros promovido pelo Banco Central, não deve ser revisto agora que a autoridade monetária dá sinais de interrupção do ciclo de aperto monetário.
Segundo o vice-presidente financeiro da Stone, Rafael Martins, "não vemos no mercado e na indústria ninguém ávido para revisar preços para baixo e ser agressivo" depois que o setor foi impactado pela alta dos juros, que afeta a obtenção de recursos usados em antecipação de recebíveis a lojistas.
A Stone apurou um crescimento no volume de transações (TPV) de 12,5% no primeiro trimestre na comparação anual, para 93,5 bilhões de reais. O segmento de micro, pequenas e médias empresas teve incremento de 24,5% no indicador, que atingiu 78,9 bilhões de reais.
Projeções, dividendos
Para o segundo trimestre, a Stone afirmou que espera receita total acima de 2,875 bilhões de reais, um crescimento anual de 24,8%. Para o TPV de micro, pequenas e médias empresas, a expectativa é de aumento de 18,8% a 20,2%, para entre 83 bilhões e 84 bilhões de reais. E para o lucro antes de impostos ajustado, a empresa espera 375 milhões de reais, 15,7% maior que os três primeiros meses deste ano.
A Stone desembolsou 6 milhões de reais até o final de abril com concessões de crédito para cerca de 200 clientes, em meio a uma estratégia conservadora da companhia de avançar com o produto após problemas com inadimplência que obrigaram a empresa a suspender a oferta do produto em anos anteriores.
O crédito, normalmente usado como uma linha de capital de giro, é pago pelo lojista com suas vendas, como uma espécie de consignado, explicou Martins. "Foi uma decisão acertada de pausar o produto...Agora vamos escalar de maneira bem conservadora...estamos pequenos e vamos crescendo conforme a evolução dos níveis de inadimplência", afirmou.
Questionado sobre alocação de capital em um momento em que o caixa da companhia atingiu cerca de 4 bilhões ao final de março - expansão de 57% sobre um ano antes -, Martins afirmou que a empresa prefere seguir tendo a flexibilidade de ter meios para continuar crescendo em meio a um ambiente macro desafiador.
"Conseguimos oferecer antecipação de recebíveis na chegada da pandemia porque estávamos com este colchão de liquidez", lembrou o executivo. "Temos muitos anos de crescimento, não estamos pensando em dividendos agora."
(Por Alberto Alerigi Jr., edição Paula Arend Laier)