SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja do Brasil em 2022/23 deverá alcançar o recorde de 154,2 milhões de toneladas, disse nesta quarta-feira a consultoria StoneX, apontando uma elevação ante a expectativa anterior de 153,79 milhões, com o bom desempenho nos principais Estados produtores compensando uma quebra por seca no Rio Grande do Sul.
Pelo mesmo motivo, a consultoria também elevou suas projeções para a colheita total de milho à máxima histórica de 129,9 milhões de toneladas, versus 128,71 milhões estimados no início de janeiro.
"Apesar das preocupações com o clima seco no Sul do Brasil, que motivaram mais um corte na safra do Rio Grande do Sul, as perspectivas no restante do país se mantêm muito positivas", avalia a especialista de Inteligência de Mercado do grupo Ana Luiza Lodi sobre a soja.
A produção gaúcha da oleaginosa agora está estimada em 19 milhões de toneladas, mais de 2 milhões a menos que o divulgado no começo de janeiro, porém outros Estados mostraram resultados satisfatórios no início da colheita no Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, informou a StoneX.
Se confirmado o novo recorde para esta temporada, o maior produtor e exportador global de soja terá um avanço de 21,2% na produção comparado ao ano anterior, quando as lavouras foram atingidas de maneira mais severa pela estiagem no Sul, devido ao La Niña.
Na ponta da demanda, a especialista da StoneX alertou que ainda pode haver mudança no cenário em função da quebra de safra na Argentina, que tende a incrementar a busca por outras origens de farelo e óleo, incentivando o esmagamento no Brasil.
Na expectativa atual da consultoria, as exportações do Brasil em 2022/23 estão estimadas em 96 milhões de toneladas e a demanda doméstica em 53,5 milhões, com estoques finais em 6,89 milhões.
MILHO
Assim como na soja, a Stonex disse que prejuízos causados pela seca em áreas produtoras do Sul do Brasil foram superados pelo bom desenvolvimento da safra de milho nas demais regiões.
A expectativa para a primeira safra do cereal subiu a 27,5 milhões de toneladas, contra 26,9 milhões na projeção de janeiro, e outras 100,1 milhões de toneladas foram previstas para a segunda safra, versus 99,6 milhões de toneladas divulgados anteriormente.
A possibilidade de uma safra também recorde de milho em 2022/23, a depender da safrinha, poderia resultar em um cenário de aumento dos estoques, estimados atualmente em 14 milhões de toneladas.
“Com um consumo doméstico cada vez maior e reforçado pela produção de etanol de milho, o volume de estoque de passagem tem demanda garantida no primeiro semestre do ano seguinte, antes do período de maior oferta, que é colheita da segunda safra”, avaliou a consultoria.
(Por Roberto Samora, Marta Nogueira e Nayara Figueiredo)