SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo fecharam a quinta-feira em baixa, após o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmar que existe “maior pressão” do mercado para que o Banco Central acelere o processo de cortes da taxa básica Selic, enquanto as taxas longas terminaram em leve alta, em sintonia com o exterior.
A manhã foi marcada por nova bateria de números nos EUA que, mais uma vez, mantiveram a percepção de que o Federal Reserve tende a não subir mais os juros no atual ciclo de política monetária, podendo iniciar o processo de cortes de juros ainda no primeiro semestre de 2024.
A inflação medida pelo índice PCE ficou em zero em outubro, depois de ter subido 0,4% em setembro. Já o núcleo do PCE -- bastante observado pelo Fed -- subiu 0,2% em outubro, ante alta de 0,3% em setembro.
Já os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, aumentaram 0,2% no mês passado, em linha com a expectativa de economias ouvidos pela Reuters, após um ganho não revisado de 0,7% em setembro, informou o Departamento de Comércio.
Além disso, os contratos de compra de casas usadas nos EUA caíram 1,5% em outubro, para 71,4, de um valor revisado de 72,5 no mês anterior, de acordo com o Índice de Vendas Pendentes de Moradias da Associação Nacional de Corretores de Imóveis. Esse foi o valor mais baixo desde que a associação lançou o índice em 2001. Economistas esperavam por um declínio de 2,0%.
Embora os números corroborassem a expectativa de uma política monetária menos apertada nos EUA, os rendimentos dos Treasuries subiam nesta quinta-feira, o que também dava certa sustentação às taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) no Brasil, em especial entre os vencimentos mais longos.
Durante a tarde, porém, o movimento perdeu força, com a curva a termo reagindo às declarações de Galípolo em evento organizado pelo JPMorgan (NYSE:JPM).
O diretor afirmou que uma possibilidade de retirada da orientação de que o BC manterá o ritmo de cortes na Selic nas “próximas reuniões”, no plural, teria significados diferentes a depender do momento. Além disso, destacou que recentemente, diante do cenário mais benigno, vem sentindo maior pressão do mercado no sentido de que há espaço para o BC acelerar os cortes de juros.
A fala de Galípolo acabou por definir a queda das taxas futuras de curto prazo, enquanto as longas ainda encerraram em leve alta, sustentadas pelo exterior.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,315%, ante 10,42% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,97%, ante 10,037% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,085%, ante 10,101%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,35%, ante 10,341%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,76%, ante 10,722%.
Perto do fechamento a curva a termo precificava em 100% as chances de o corte da Selic em dezembro ser de 0,50 ponto percentual, como vem sinalizando o BC. As chances de corte de 0,75 ponto percentual estavam em zero.
Às 16:49 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 7,50 pontos-base, a 4,3457%.