Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em baixa no Brasil, dando continuidade ao movimento da sessão anterior e em sintonia com a queda dos rendimentos dos Treasuries, com investidores à espera da divulgação de dados econômicos ao longo da semana e da decisão de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,155%, ante 10,193% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,39%, ante 10,44% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,755%, ante 10,807%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,08%, ante 11,127%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,55%, ante 11,591%.
Na sexta-feira as taxas futuras haviam recuado de forma acentuada após a divulgação de números de inflação dentro do esperado nos EUA e abaixo do projetado pelo mercado no Brasil.
Nesta segunda-feira o recuo continuou, ainda que em menor intensidade, em sintonia com a baixa dos yields dos títulos norte-americanos.
“Temos um cenário de espera da decisão de quarta-feira (do Federal Reserve). Então, o mercado no Brasil também fica de olho nos títulos de lá”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
A semana está carregada de indicadores e eventos com potencial de conduzir os ativos, como os dados de emprego formal (Caged) no Brasil e o índice de confiança do consumidor dos EUA na terça-feira; a decisão sobre juros do Fed e o anúncio do Tesouro norte-americano sobre necessidade de financiamento na quarta-feira; e o relatório de empregos payroll e o PMI de Serviços dos EUA na sexta-feira.
Na quarta-feira os mercados estarão fechados no Brasil em função do Dia do Trabalho. A expectativa maior recai justamente sobre a decisão do Fed, na quarta.
“Os principais pontos de atenção serão o tom do comunicado e, principalmente, a entrevista de Jerome Powell, presidente do Fed, após a decisão”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, em comentário enviado a clientes.
“Nós descartamos o início de cortes (de juros nos EUA) em junho e passamos a projetar o primeiro corte em setembro. Num cenário pessimista, caso a economia norte-americana continue dando sinais de resiliência, com uma inflação não caminhando de forma sustentável para a meta, é possível que o corte venha apenas em novembro”, acrescentou Sung.
No Brasil, com os recuos mais recentes das taxas, a curva a termo passou a precificar um pouco mais de chance de o Banco Central cortar a Selic em 50 pontos-base na semana que vem. Ainda assim, a aposta majoritária segue em um corte de apenas 25 pontos-base. Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano.
Perto do fechamento desta segunda-feira a precificação da curva a termo estava em 74% de probabilidade de corte de 25 pontos-base na próxima semana e 26% para corte de 50 pontos-base. Em comunicações anteriores, antes da piora do cenário nas últimas semanas, o BC havia estabelecido um forward guidance de corte de 50 pontos-base no próximo encontro.
No exterior, o cenário era de modo geral positivo no fim da tarde, com alta das ações, queda do dólar e fechamento da curva norte-americana.
Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- caía 4 pontos-base, a 4,628%.