Após vaivém no dia, dólar fecha em leve alta com noticiário político e exterior

Publicado 09.08.2021, 17:46
Atualizado 09.08.2021, 17:51
© Reuters. Cédula de 1 dólar dos EUA
26/05/2020
REUTERS/Dado Ruvic

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em leve alta nesta segunda-feira, depois de uma sessão de gangorra em que o mercado repercutiu o intenso noticiário de Brasília e o clima mais conservador no exterior.

O dia foi marcado pela entrega do governo ao Congresso do texto que propõe mudanças no Bolsa Família, que se chamará Auxílio Brasil e, segundo o presidente Jair Bolsonaro, deverá ter um reajuste de pelo menos 50%.

O mercado teve uma reação inicial negativa, em meio à pressão de Bolsonaro por um aumento maior no valor do benefício. Como resultado, o dólar bateu a máxima intradiária de 5,3000 reais.

A moeda começou a perder fôlego, contudo, após o ministro da Cidadania, João Roma, dizer que o novo Bolsa Família ficará dentro do teto de gastos e que não há a menor possibilidade de isso não acontecer.

"Essa foi a informação que acalmou o pessoal, mas a indefinição continua e só atrapalha", disse um operador de uma corretora em São Paulo. O ministro da Cidadania disse que o valor do novo Bolsa Família só será definido no fim de setembro.

O dólar à vista subiu 0,22%, a 5,2460 reais na venda, após variar de 5,3000 reais (+1,26%) a 5,2152 reais (-0,36%).

Os preços do dólar e dos juros têm estado sob intensa pressão nos últimos dias em meio a informações de que o novo programa do governo ficaria fora do teto de gastos --instrumento que ajuda a conter aumento de despesas e é hoje considerado a única âncora fiscal efetiva do país.

Investidores ficaram incomodados também com a ideia da equipe econômica de alterar modelo de pagamento dos precatórios, o que foi entendido por alguns como uma forma de calote. Essa conta está estimada em torno de 90 bilhões de reais para o ano que vem.

As taxas de DI negociadas na B3 (SA:B3SA3) chegaram ao fim da tarde desta segunda com alta de mais de 10 pontos-base nos contratos mais longos.

A pauta doméstica já traz volatilidade suficiente --a percepção de instabilidade da taxa de câmbio já está perto das máximas de abril--, mas vaivém adicional é esperado do exterior, conforme investidores se preparam para o simpósio de bancos centrais em Jackson Hole, nos EUA, previsto para o fim do mês.

Há expectativas de que no evento o Federal Reserve (banco central dos EUA) anuncie um cronograma para retirada de estímulos em curso desde o ano passado.

Lá fora, a moeda norte-americana deixou a estabilidade e subia 0,12% neste fim da tarde contra uma cesta de moedas fortes. Frente a divisas emergentes, os ganhos do dólar eram bem mais acentuados --a moeda subia, por exemplo, 1,3% na comparação com o rand sul-africano.

Citando a incerteza externa, o BTG Pactual (SA:BPAC11) elevou de 4,90 reais para 5,00 reais sua projeção para o dólar ao fim do ano --dentro de seu cenário-base. O Rabobank vê taxa de câmbio de 5,15 reais por dólar em dezembro de 2021, com alta de juros e ambiente por ora tranquilo para as contas externas.

Em meio à elevação dos juros domésticos, as apostas na valorização do real nos mercados de derivativos dos Estados Unidos voltaram a se aproximar de máximas recordes. O real parece aos olhos dos estrangeiros recuperar pelo menos parte de sua atratividade como divisa de "carry trade", mas analistas ainda apontam riscos fiscais e políticos como pontos fracos da moeda brasileira.

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