Dólar cai após Lula reforçar intenção de apresentar novas medidas fiscais

Publicado 03.06.2025, 17:06
Atualizado 03.06.2025, 17:40
© Reuters. Notas de dólarn10/03/2023nREUTERS/Dado Ruvic

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a terça-feira em queda ante o real, pela segunda sessão consecutiva e na contramão do exterior, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçar a intenção do governo de apresentar novas medidas na área fiscal, revendo o decreto de aumento do IOF.

A moeda norte-americana à vista fechou em baixa de 0,65%, aos R$5,6373. No ano, a divisa dos EUA acumula perdas de 8,77% ante o real.

Às 17h26 na B3 (BVMF:B3SA3) o dólar para julho -- atualmente o mais líquido no Brasil -- cedia 0,71%, aos R$5,6730.

No início do dia, em meio a preocupações com a guerra tarifária iniciada pelos EUA e a dados fracos da indústria chinesa, o dólar avançava no exterior e no Brasil.

O cenário começou a mudar perto das 11h00, quando Lula iniciou uma entrevista coletiva a jornalistas em Brasília e seus comentários sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foram bem-recebidos.

Segundo Lula, Haddad não teve problemas em rediscutir o decreto que elevou as alíquotas do imposto e novas propostas estão em negociação.

O governo anunciou em 22 de maio as elevações no IOF sobre uma série de operações cambiais, de crédito e de previdência privada, para cumprir sua meta fiscal. As medidas geraram forte reação política e foram parcialmente revertidas, mas as que permaneceram em vigor ainda enfrentam resistência.

"A apresentação do IOF foi o que eles pensaram naquele instante. Aí se aparece alguém com ideia melhor e ele (Haddad) topa discutir, vamos discutir", disse Lula.

Assim, após atingir a cotação máxima de R$5,7110 (+0,65%) às 9h59, antes da fala de Lula, o dólar à vista cedeu à mínima de R$5,6252 (-0,86%) às 15h10, já após os comentários e com o mercado na expectativa pelo resultado de reunião entre o presidente e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“A entrevista do Lula pela manhã sinalizando que vai apresentar um pacote de medidas e que existe consenso entre Congresso e Fazenda fez preço e derrubou o dólar”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.

Perto das 15h40, após reunião com Lula, Haddad e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), falaram à imprensa.

Haddad afirmou que as medidas fiscais estruturais em discussão pelo governo não serão anunciadas antes de uma reunião com lideranças partidárias do Congresso Nacional. Segundo ele, deve haver uma reunião já no próximo domingo com os líderes, e a partir da semana que vem o governo vai encaminhar as propostas.

Ao mesmo tempo, Haddad afirmou que o governo precisa que pelo menos parte das medidas fiscais a serem propostas avancem para que o decreto que elevou o IOF possa ser revisto.

Sem o anúncio de medidas concretas por Haddad e sem a garantia de que o decreto do IOF será totalmente revogado, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) desaceleraram as perdas, com o mercado reagindo negativamente.

No câmbio, o dólar à vista recuperou um pouco de força ante o real, mas ainda assim fechou em baixa e na contramão do exterior, onde a moeda norte-americana sustentava ganhos ante a maior parte das demais divisas.

Às 17h24, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,70%, a 99,268.

Pela manhã o Banco Central vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de julho de 2025.

 

(Por Fabrício de Castro)

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