Dólar tem volatilidade contra real no último pregão de 2020, a caminho de ganho anual de cerca de 29%

Publicado 30.12.2020, 09:23
Atualizado 30.12.2020, 10:55
© Reuters. REUTERS/Yuriko Nakao

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar trabalhava sem rumo claro contra o real nesta última sessão de 2020, de olho na fraqueza da divisa norte-americana no exterior em meio a um clima global otimista, com os investidores domésticos avaliando a volatilidade e os reajustes de posições à medida que o ano se aproxima do fim.

Às 10:39, o dólar avançava 0,61%, a 5,2143 reais na venda, enquanto o dólar futuro negociado na B3 (SA:B3SA3) caía 0,14%.

Mais cedo, na mínima do dia, a divisa norte-americana havia caído para 5,1546 reais, em linha com a perda de 0,3% apresentada pelo índice do dólar contra uma cesta de moedas, que rondava mínimas desde 2018. Divisas arriscadas pares do real, como dólar australiano, lira turca e rand sul-africano registravam ganhos expressivos nesta quarta-feira.

A busca por ativos mais arriscados refletia o bom humor generalizado depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionou no domingo um pacote de ajuda pela pandemia e de gastos no valor total de 2,3 trilhões de dólares, restaurando o auxílio-desemprego a milhões de norte-americanos e evitando a paralisação do governo federal.

Embora houvesse indefinição em torno da votação nos EUA da ampliação de cheques diretos para os cidadãos, a presença de mais ajuda fiscal na maior economia do mundo, aliada ao avanço da vacinação contra a Covid-19 nos principais países do mundo, apoiava o bom humor dos mercados.

"Você vê otimismo nos mercados mais fortes, nos Estados Unidos e na Europa, e moedas emergentes se valorizam contra o dólar", disse à Reuters Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimentos. "O mercado está mais otimista em relação à vacinação, a uma virada de página na Covid."

Ele ressaltou, no entanto, a presença da volatilidade de fim de ano nesta quarta-feira, com volumes de negociação reduzidos.

Já Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office, chamou a atenção para movimentos de ajuste de posição que têm dominado o radar dos investidores e podem impulsionar a moeda norte-americana contra o real.

Com o fim do ano, "temos remessas de capital para fora, saídas relevantes do país", disse ele. "Tem a reconstituição de hedge, com o mercado voltando a fazê-lo para proteger posições em bolsa."

Vários analistas também citavam o desmonte do 'overhedge' --uma proteção cambial adicional adotada por bancos que deixou de ser interessante depois de mudanças em regras tributárias-- como um fator importante neste fim de ano, uma vez que zerá-lo implica compra de dólares.

A moeda norte-americana caminhava para fechar 2020 em alta de aproximadamente 29% contra o real, o que deixaria a divisa doméstica com o segundo pior desempenho global no acumulado do ano, atrás apenas do peso argentino.

Entre os fatores que têm impulsionado a busca pelo dólar, a forte incerteza fiscal no Brasil é apontada por analistas como o principal, em meio a temores de que o governo fure seu teto de gastos em 2021. O controle de gastos e retomada da agenda de reformas estruturais brasileira são vistos como essenciais para fornecer algum apoio aos mercados domésticos.

"A questão das contas públicas tem importância. Se você passa a imagem de um ambiente de compromisso e austeridade fiscal, isso atrai mais investidores", disse Panonko, da Toro.

Além disso, um ambiente de juros extremamente baixos no Brasil --que prejudica a rentabilidade de investimentos locais atrelados à taxa Selic-- e o impacto econômico da Covid-19 ajudaram a minar o apetite por risco dos operadores neste ano.

Mas ainda há otimismo dos investidores em relação ao cenário para o próximo ano.

"O avanço das vacinas está sendo rápido, e a tendência para 2021 deve ser de um 'gás' no consumo bem forte no mundo como um todo. Se o Brasil conseguir fazer seu papel em casa de manter o fiscal em ordem, pode aproveitar essa melhora global", disse Thomás Gibertoni.

Na véspera, a moeda norte-americana spot registrou queda de 1,10%, a 5,1827 reais na venda.

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