Dólar avança ante real com recuperação da moeda no exterior; BCs dominam foco

Publicado 05.05.2022, 09:08
Atualizado 05.05.2022, 11:06
© Reuters. Pedestre passa em frente a casa de câmbio em São Paulo
05/02/2020
REUTERS/Rahel Patrasso

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar saltava 1,5% contra o real nesta quinta-feira, acompanhando recuperação da moeda norte-americana no exterior conforme investidores digeriam a recente sinalização de política monetária do Federal Reserve.

No Brasil, o mercado avaliava a decisão do Banco Central de elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 12,75%, e indicar ajuste de menor magnitude nos juros em seu próximo encontro. Analistas apontaram isso como possível suporte para o real, mas afirmaram que, por ora, o movimento do mercado internacional deve ditar a alta do dólar por aqui.

Copom: tom duro e possíveis altas adicionais da Selic chamam atenção de analistas

Às 11h01 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,03%, a R$4,9707. O índice do dólar contra uma cesta de pares fortes subia 0,75% nesta manhã, negociado pouco abaixo de seus maiores níveis em 20 anos, recuperando fôlego depois de ser derrubado na véspera por indicações menos agressivas que o esperado do chair do banco central norte-americano, Jerome Powell.

Nesse contexto, moedas de países emergentes também cediam terreno nesta manhã depois de amplas valorizações registradas na quarta-feira.

Em coletiva de imprensa realizada após o Fed elevar sua taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, Powell afirmou na véspera que as autoridades de política monetária não estão considerando intensificar ainda mais a dose de aperto em suas próximas reuniões, para 0,75 ponto percentual, como temiam alguns agentes financeiros.

"A confirmação desse 'não aumento' de 0,75 ponto percentual fez os mercados reagirem muito bem" na quarta, disse à Reuters Kaue Franklin, especialista de renda variável da Aplix Investimentos, com o dólar despencando tanto lá fora quanto no Brasil --onde a baixa foi de 1,26%, a 4,9020 reais. "Essa alta de hoje é mais uma equalização por conta da distorção que aconteceu ontem."

FED eleva taxas de juros em 0,5 p.p., em linha com estimativas e detalha tapering

No geral, mesmo com a depreciação desta manhã, o cenário doméstico continua benigno para o real, afirmou Franklin, chamando a atenção para o patamar elevado da taxa Selic, que tende a atrair recursos para a renda fixa brasileira. "Não tem como uma alta tão acentuada no índice do dólar não impactar o real, mesmo que o ambiente local tivesse que fazer o dólar cair", afirmou.

Depois de subir os juros básicos na véspera para 12,75%, o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil disse ser provável uma extensão do ciclo de alta dos juros com um ajuste de menor magnitude na próxima reunião, em junho, sem especificar se esse seria o último aumento da taxa.

O comunicado foi visto por alguns participantes do mercado como menos duro do que o necessário em meio à inflação elevada, mas "não esperamos que a decisão do Copom afete negativamente o real, uma vez que os diferenciais de carrego (em relação ao dólar) são altos o suficiente".

Franklin, da Aplix, disse enxergar potencial de desvalorização do dólar para faixas em torno de 4,40 a 4,30 reais --embora não no curtíssimo prazo--, citando continuação da tendência de queda observada no início deste ano. Entre janeiro e março, a moeda norte-americana caiu 14,5% frente ao real, pior desempenho trimestral desde meados de 2009.

No ano, o dólar acumula queda de mais de 10%, alimentada em boa parte pelo amplo diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos.

Pelo lado dos riscos negativos, entre eles o ciclo de aperto monetário do Fed, que pode desencadear fluxos de saída de mercados emergentes, outros fatores poderiam minar a disparada do real até agora no ano, como a aproximação das eleições presidenciais e temores sobre a saúde fiscal do Brasil, disse Franklin, embora tenha dito que qualquer recuperação acentuada do dólar --se acontecer-- deva ficar limitada à faixa de 5,15-5,17 reais.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.