Dólar avança na contramão do exterior com IPCA-15 e tarifas de Trump em foco

Publicado 25.02.2025, 10:15
Atualizado 25.02.2025, 10:20
© Reuters. Notas de real e dólarn18/12/2024. REUTERS/Amanda Perobelli/Illustration

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista chegou a avançar mais de 1% ante o real nesta terça-feira, ampliando os ganhos da véspera e na contramão do exterior, com os investidores reagindo a dados que mostraram aceleração da inflação no Brasil e a novas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O dólar à vista subia 0,77%, a 5,7991 reais na venda, depois de chegar mais cedo a R$5,813.

Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,68%, a R$5,812 reais na venda.

Na segunda-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,42%, a R$5,7546.

A sessão desta terça-feira começou com os investidores analisando dados para o IPCA-15 de fevereiro, com o IBGE informando que o índice -- considerado uma prévia da inflação oficial -- teve alta mensal de 1,23%, acelerando em relação ao avanço de 0,11% em janeiro.

Em 12 meses, o IPCA-15 registrou ganho de 4,96% em fevereiro, de alta de 4,5% no mês anterior. Economistas consultados pela Reuters esperavam altas de 1,33% e 5,08% nas bases mensal e anual, respectivamente.

Apesar do resultado abaixo do esperado, os números do IPCA-15 sustentam uma percepção do mercado sobre o descontrole dos preços no Brasil, com a inflação acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central -- centro de 3% e margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Nesse cenário, que ainda conta com desconfiança por parte do mercado nos esforços do governo em controlar as contas públicas, a moeda norte-americana subia no Brasil, impulsionada por um movimento de fuga de risco.

Nos últimos dias, agentes do mercado ainda têm demonstrado um maior ceticismo com o governo, uma vez que temem que a queda de popularidade recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa significar um descolamento ainda maior do compromisso fiscal.

"A queda de popularidade do governo pode ser um propulsor de mais gastos relacionados a benefícios sociais. Essa é a leitura do mercado. E aí, naturalmente, vem mais receio em relação ao fiscal", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

O real operava na contramão do exterior, onde a divisa dos EUA perdia ante seus pares. O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,26%, a 106,470.

As atenções ainda se voltam nesta terça para comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participa do BTG Pactual (BVMF:BPAC11) CEO Conference 2025.

No cenário externo, o foco está em torno de novos comentários de Trump sobre seus planos tarifários.

Trump disse na segunda-feira que as tarifas de 25% sobre as importações de Canadá e México estão "dentro do prazo e do cronograma", apesar dos esforços dos países para reforçar a segurança nas fronteiras e interromper o fluxo de fentanil para os EUA antes do prazo final de 4 de março.

As declarações acenderam alertas nos mercados globais, uma vez que muitos esperavam que os dois principais parceiros comerciais dos EUA pudessem persuadir o governo Trump a adiar ainda mais as tarifas que serão aplicadas.

"As declarações de Trump abalam os ativos de risco. No entanto, ainda há um certo grau de ceticismo, com a possibilidade de que manter a pressão até o último dia seja uma das estratégias e que as tarifas ainda possam ser evitadas", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

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