Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista completou nesta quinta-feira a sétima sessão consecutiva de baixa, se reaproximando dos 5,40 reais, com as cotações reagindo às decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos na véspera, favoráveis à atração de recursos para o mercado doméstico.
O dólar à vista fechou o dia em baixa de 0,71%, cotado a 5,4213 reais. Nos últimos sete dias úteis, a moeda norte-americana acumulou queda de 4,14%.
Às 17h26, na B3 (BVMF:B3SA3) o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,49%, a 5,4360 reais na venda.
Na tarde de quarta-feira o real já havia sido favorecido pela decisão do Fed, que cortou sua taxa de juros em 50 pontos-base. A redução estava em grande parte precificada nos mercados globais, mas ainda assim surpreendeu uma parcela dos agentes, que esperava por corte de apenas 25 pontos-base.
O movimento do Fed fez o dólar perder força em todo o mundo na véspera, inclusive no Brasil.
Este cenário foi reforçado na noite de quarta-feira, com os mercados já fechados, pela decisão sobre juros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
O colegiado elevou a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,75% ao ano, como vinha precificando a curva de juros brasileira. No comunicado da decisão, o Copom adotou um discurso hawkish (duro com a inflação), reforçando os riscos inflacionários e a intenção de buscar a meta de 3%.
Uma Selic mais elevada no Brasil, a 10,75%, somada aos juros mais baixos nos EUA, na faixa de 4,75% a 5,00%, significa na prática um diferencial de juros ainda mais favorável ao mercado brasileiro.
Com isso, o dólar à vista despencou ante o real na abertura dos negócios nesta quinta-feira. Às 9h11 o dólar à vista foi cotado na mínima de 5,3943 reais (-1,21%).
“Os 50 pontos-base (de alta) do Fed estavam praticamente dados, mas o cenário para o câmbio melhorou ainda mais no fim do dia, com o BC aumentando nossa taxa de juros”, comentou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Após marcar mínimas no início desta quinta-feira, porém, o dólar recuperou um pouco de força, atingindo a máxima de 5,4413 reais (-0,34%) às 10h00.
“Por mais que as decisões do Fed e do Copom favoreçam operações de carry trade, fortalecendo o real, existem as resistências relacionadas ao Brasil que não permitem que o dólar desça tanto. Assim, 5,40 reais é uma resistência forte”, acrescentou Avallone.
No exterior, no dia seguinte ao corte de juros pelo Fed, a sessão também era de queda -- quase generalizada -- do dólar ante as demais divisas. Às 17h29, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,39%, a 100,630.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.