Por Peter Nurse
Investing.com – O dólar operava estável no início das negociações europeias desta quinta-feira, mas, ainda assim, estava perto do pico de duas décadas, devido à busca por proteção e às preocupações com os aumentos de juros e uma recessão mundial.
Às 4:05 h (horário de Brasília), o Índice Dólar, que compara a moeda americana a uma cesta de seis divisas, era negociado estável a 104,873, próximo da máxima de 20 anos de 105,79.
A queda das taxas dos títulos do Tesouro dos EUA limitava a ascensão do dólar na quinta-feira, mas a moeda americana seguia em demanda como proteção, em vista das declarações dos bancos centrais de que é necessário enfrentar a inflação aquecida, mesmo que isso provoque uma forte desaceleração econômica no crescimento mundial.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, defendeu na quarta-feira, em um fórum anual do Banco Central Europeu em Portugal, a recente elevação das taxas de juros em 75 pontos-base nos EUA, a maior desde 1994, afirmando que era necessário trazer a inflação de volta para a meta de 2%, mesmo que seja “provável” uma desaceleração econômica mais ampla.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, também alertou que a inflação na zona do euro estava “indesejavelmente alta” e que o banco central iria “até onde fosse necessário” para fazer a inflação convergir à meta de 2%, enquanto o governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, declarou que as autoridades monetárias “tinham a opção” de agir com mais vigor para conter a inflação, sem descartar uma alta de 50 pontos-base na próxima reunião.
“A dor de um aperto agressivo (e talvez de uma recessão) no curto prazo seria muito melhor do que uma dor prolongada provocada por uma espiral de preços-salários”, disseram em nota os analistas da ING.
O EUR/USD subia 0,1%, a 1,0442, com a moeda única tentando se firmar após uma desvalorização de quase 0,8% contra o dólar na quarta-feira, rumo a um declínio mensal de 2,7% e trimestral de 5,5%.
As vendas no varejo da Alemanha avançaram em maio, apesar de um leve recuo no faturamento do varejo de alimentos, subindo 0,6% em termos reais na comparação com o mês anterior, porém isso ainda representava uma queda de 3,6% no ano.
O GBP/USD avançava 0,2%, a 1,2148, mas a libra esterlina ainda pode registrar sua maior desvalorização de seis meses contra o dólar, acima de 10%, após o governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, afirmar que a economia do Reino Unido estava começando a desacelerar, ao mesmo tempo em que a inflação poderia continuar subindo, aumentando os temores de uma estagflação.
Os preços dos imóveis britânicos subiram em ritmo mais lento em junho ante o mês anterior, mas o preço médio do imóvel residencial atingiu um novo recorde, de acordo com dados da instituição de crédito Nationwide.
O USD/JPY caía 0,2%, a 136,35, recuando em relação ao pico de 24 anos um pouco abaixo de 137,00 ao longo da noite, enquanto o diferencial entre a rigidez do Fed e a flexibilidade do Banco do Japão continuava pesando bastante sobre o iene.
O AUD/USD avançava para 0,6883, enquanto o USD/CNY caía 0,1%, a 6,6975, graças a dados que mostraram que a atividade industrial na China teve expansão em junho, pela primeira vez desde fevereiro, com as autoridades encerrando os bloqueios sanitários contra a Covid em grandes cidades, como Xangai.