Dólar fecha no menor patamar em dois anos com commodities e juro mantendo Brasil atraente

Publicado 23.03.2022, 17:10
Atualizado 23.03.2022, 17:46
© Reuters

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuou pelo sexto pregão seguido ante o real e atingiu o menor patamar em dois anos, com o Brasil continuando a se beneficiar da disparada nos preços das commodities e a atrair recursos de investidores que buscam rentabilidade.

A divisa norte-americana à vista perdeu 1,44%, a 4,8446 reais na venda, menor valor para encerramento desde 13 de março de 2020 (4,8128), numa sessão em que a moeda brasileira liderou os ganhos entre seus pares globais.

Perdendo terreno pelo sexto dia consecutivo, o dólar marcou sua maior sequência de desvalorizações diárias desde uma série de sete baixas finda em 22 de abril de 2021, acumulando queda de 6,1% no período.

Os contratos futuros de produtos como petróleo e commodities agrícolas voltaram a avançar nesta quarta-feira, dando sequência à tendência desencadeada pela guerra na Ucrânia, que levantou temores generalizados de disrupção da oferta global.

Nesse contexto, a América Latina "de modo geral está muito bem estruturada para atender à demanda global em decorrência da falta de oferta gerada pelo conflito", o que tem impulsionado várias divisas regionais --como pesos colombiano e chileno-- neste início de ano, disse à Reuters Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.

O Brasil tem surgido como opção especialmente atraente para agentes estrangeiros, dizem especialistas, uma vez que o patamar elevado da taxa Selic torna investimentos locais atrelados aos juros básicos mais rentáveis.

A taxa está atualmente em 11,75%, depois que o banco central iniciou, há um ano, um ciclo de aperto monetário que tirou os custos dos empréstimos de uma mínima histórica de 2%. Na terça-feira, na ata da última reunião do Copom, o Banco Central sinalizou que pode encerrar a era de aumentos de juros em maio, com ajuste de 1 ponto percentual, embora tenha mostrado disposição de endurecer sua postura caso o cenário evolua desfavoravelmente.

A desvalorização sucessiva do dólar vem mesmo em meio a acenos de autoridades do banco central norte-americano a um endurecimento de seu recém-iniciado ciclo de aumento de juros. Depois de na semana passada o Federal Reserve elevar os custos dos empréstimos em 0,25 ponto percentual, algumas autoridades disseram que podem optar por ajuste de 0,5 ponto já em maio, caso a inflação assim exija.

Da mesma forma que uma Selic mais alta no Brasil tende a beneficiar o real, aumentos de juros nos EUA são vistos como fator de apoio para o dólar, já que elevam a atratividade da extremamente segura dívida norte-americana.

Mas o real, por ora, parece imune aos ruídos envolvendo o Fed. Argenta disse que, mesmo nos cenários mais agressivos para a trajetória de alta dos juros norte-americanos, os custos dos empréstimos da maior economia do mundo encerrariam o ano bem abaixo dos patamares oferecidos no Brasil.

Em projeções econômicas divulgadas na semana passada, as autoridades do Fed previram que os juros acabarão o ano em 1,9%. Desde então, alguns formuladores de política monetária estimaram taxas mais altas, com James Bullard, do Fed de St. Louis, defendendo patamar acima de 3%. "No Brasil, a gente está oferecendo taxa de dois dígitos", ponderou Argenta.

Em 2022, o dólar acumula queda de mais de 13% frente à moeda brasileira, o que deixa o real com a melhor performance global acumulada até o momento.

De acordo com Argenta, é difícil prever um piso para a tendência de desvalorização do dólar, já que a moeda vem cruzando suportes importantes --5,00 reais, 4,90 reais, 4,85 reais-- de forma sucessiva.

"Não conseguimos identificar qual seria um nível de reversão", disse Argenta. "Contra fluxos não há argumentos."

Na B3 (SA:B3SA3), às 17:11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,47%, a 4,8525 reais.

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