Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar futuro disparou na abertura dos negócios desta quinta-feira, atingindo o limite máximo permitido de 3,3235 reais para este pregão, depois de denúncias envolvendo o presidente Michel Temer que alimentaram percepções de que as reformas serão afetadas.
Os temores eram tão grandes que não havia negócios no mercado à vista de dólar, com os investidores optando por não tomar posições. O Banco Central anunciou nova intervenção no mercado, com leilão de swaps tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, e que não eram voltados para rolagem de contratos já existentes.
Segundo informações da B3, o dólar futuro tem limite de negociação diária de 6 por cento, para cima ou para baixo e, uma vez atingido, só podem sair negócios dentro desse nível.
"Quem é que vai vender dólar a 3,20 reais se amanhã ele pode estar a 3,90 reais?", afirmou o superindente de câmbio do Banco Ourinvest, Ralph Bigio.
Na noite passada, o jornal O Globo noticiou que Joesley Batista, um dos controladores do frigorífico JBS (SA:JBSS3), gravou Temer concordando com pagamentos para manter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso.
Assim que a notícia chegou ao Congresso, a oposição não perdeu tempo para pedir o impeachment de Temer, enquanto líderes governistas, pegos de surpresa, pediam cautela com a informação, evitando fazer defesas mais taxativas.
Especialistas afirmaram que o governo foi fortemente abalado e, assim, as reformas consideradas essenciais, sobretudo a da Previdência, para recuperar a economia serão afetadas.
O Banco Central manteve a oferta de até 8 mil swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de moedas-- para rolagem do vencimento de junho, mas anunciou leilão adicional.
A autoridade também fará oferta de até 40 mil contratos com vencimentos em 1/8/2017, 2/10/2017 e 2/1/2018.
Em novembro do ano passado, o Banco Central também havia feito oferta adicional de swap para tentar conter a volatilidade do mercado após a vitória de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.
Mais cedo, o Tesouro Nacional e o BC publicaram notas afirmando que estão atentos ao mercado e que atuarão para manter sua plena funcionalidade.
O Tesouro suspendeu o leilão de venda de LTN e LFT programado para esta sessão.
Até então, os mercados financeiros estavam vivendo uma espécies de lua-de-mel com o governo Temer, apostando que ele conseguiria angariar votos suficientes para aprovar as reformas no Congresso Nacional. O dólar, nesta semana, chegou a fechar abaixo do patamar de 3,10 reais.
Além disso, a economia vinha dando alguns sinais de recuperação, depois de dois anos seguidos de forte recessão. A inflação também vinha perdendo fôlego e possibilitando que o BC fizesse reduções importantes na taxa básica de juros, o que tem potencial para estimular o consumo.
(Por Claudia Violante)