Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar pausou a série recente de altas e fechou em leve baixa nesta segunda-feira, mas ainda muito perto de 5,60 reais, evidência do maior prêmio de risco oriundo de persistentes incertezas locais e da força global da moeda norte-americana.
O dólar à vista caiu 0,29%, a 5,5941 reais na venda, depois de cinco altas seguidas em que somou ganho de 3,84%.
Nesta segunda, a cotação variou de 5,615 reais (+0,08%) a 5,5625 reais (-0,85%).
O real teve um dos melhores desempenhos entre as principais moedas, num dia em que a moeda norte-americana bateu máximas em 16 meses ante uma cesta de rivais. O mercado vê continuidade da redução de estímulos e possível aumento antecipado de juros nos EUA diante da recondução de Jerome Powell à chefia do banco central do país por mais quatro anos.
Pares emergentes do real, como peso mexicano (-0,7%) e rand sul-africano (-0,8%) voltavam a cair, enquanto a lira turca (-1,8%) novamente era alvo de liquidação e renovou mínimas recordes.
Do lado doméstico, o mercado começava a prestar mais atenção no xadrez político que se desenha conforme o noticiário eleitoral esquenta, com mais informações sobre pré-candidatos para a Presidência da República em 2022.
Enquanto isso, as discussões sobre o andamento da PEC dos Precatórios seguem na mira de investidores. A expectativa é que ainda nesta semana o parecer da PEC seja lido na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, antes de até dia 30 ir ao plenário da Casa.
O mercado tem se incomodado com debates sobre tornar permanente o Auxílio Emergencial no valor de 400 reais proposto hoje --e que vai até o fim de 2022--, mas por outro lado vê chances de fatiamento da peça como um meio de aprová-la de forma mais rápida e "virar a página".
No saldo, o cenário para o câmbio segue inspirando cautela, avaliam profissionais do Itaú Unibanco (SA:ITUB4), cuja equipe econômica manteve estimativa de dólar a 5,50 reais ao fim de 2021 e 2022 mesmo com a perspectiva de alta maior de juros no Brasil do que em outros mercados emergentes.
Juros mais altos teoricamente elevariam a atratividade para investimentos na renda fixa brasileira, fluxo esse que aumentaria a oferta de dólares e poderia baixar o preço da moeda.
"No entanto, as incertezas domésticas (especialmente relacionadas à evolução das contas públicas nos próximos anos) somadas ao cenário global que tem se mostrado desafiador para ativos de risco (com aumento de pressões inflacionárias globais e antecipação da elevação dos juros nos EUA) ainda pressionam a moeda (o real)", disse o banco privado em revisão de cenário.