Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar trabalhava em baixa ante o real nesta terça-feira, após o governo se esforçar para dar andamento à reforma da Previdência no Congresso Nacional e um dia depois de a agência de classificação de risco Standard & Poor's ter colocado em observação negativa a perspectiva da nota de crédito soberano do Brasil.
Às 11:56, o dólar recuava 0,53 por cento, a 3,2588 reais na venda, depois de ter acumulado alta de 4,55 por cento desde a eclosão da crise política que acertou em cheio o presidente Michel Temer, em meados da semana passada. O dólar futuro era negociado em queda de 0,29 por cento.
"A tendência do dólar segue indefinida, podendo voltar a subir fortemente se a crise envolvendo o presidente Michel Temer se estender por muito tempo", avaliou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Temer é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, em investigação aberta com base em acordo de delação fechado por Joesley Batista, do grupo JBS (SA:JBSS3). Temer teve uma conversa gravada pelo empresário.
No entanto, para tentar mostrar força, o governo vem se esforçando para ver sua pauta econômica andando no Congresso Nacional. Na véspera, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), informou que a votação da reforma da Previdência deve começar entre os dias 5 e 12 de junho na Casa.
E, nesta sessão, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado iniciou a audiência pública para debater o projeto de reforma trabalhista, com expectativa de apresentação do parecer do relator, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), após o término do debate.
Do lado negativo, a S&P decidiu colocar em observação negativa a perspectiva da nota de crédito soberano do Brasil, hoje em BB (SA:BBAS3), citando justamente o aumento das incertezas políticas. A observação negativa reflete o risco de corte no rating nos próximos três meses.
O Banco Central realizou nesta sessão o último dos três leilões anunciados de novos swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- para tentar reduzir a volatilidade no câmbio após o estouro da crise política. Foram vendidos todos os 40 mil contratos.
A autoridade monetária também vendeu integralmente a oferta de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos com vencimento em junho. Com o leilão desta terça-feira, faltam rolar ainda 2,035 bilhões do total de 4,435 bilhões de dólares que vencem no mês que vem.