Por Peter Nurse
Investing.com - O dólar recuava no início da sessão europeia desta segunda-feira, mas continuava em demanda como porto seguro, devido a preocupações com a desaceleração do crescimento global, enquanto um feriado nos EUA deve limitar a volatilidade.
Às 5h37 (horário de Brasília), o Índice Dólar, que compara a moeda americana a uma cesta de seis divisas, era negociado em queda de 0,3%, a 104,810, próximo da máxima de duas décadas de 105,790.
A zona do euro, Reino Unido, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Canadá, além dos EUA, devem entrar em recessão nos próximos 12 meses, disseram analistas da Nomura em nota, à medida que os bancos centrais, visando restaurar a credibilidade do controle da inflação, podem exagerar no aperto da política monetária.
Essa visão vem sendo respaldada por dados econômicos recentes, como os gastos com consumo pessoal nos EUA, por exemplo, que cresceram muito menos do que em maio, assim como o indicador GDPNow, uma previsão do PIB americano fornecida pelo Federal Reserve de Atlanta, que registrou queda anualizada para -2,1% no segundo trimestre.
Apesar disso, o presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou, na semana passada, a determinação do banco central dos EUA de conter a inflação aquecida.
“O dólar deve continuar contando com um piso sólido no terceiro trimestre, graças às maiores elevações de taxas de juros do Fed no início do ciclo e a um ambiente ainda desafiador para os ativos globais de risco, devido à menor liquidez e a temores de uma desaceleração global”, disseram analistas da ING em nota.
Os investidores acompanharão de perto o relatório de empregos nos EUA, nesta sexta-feira, para saber como o mercado de trabalho do país está reagindo ao mandato do Fed referente a empregos/inflação, enquanto a divulgação da ata da reunião de junho do banco central americano, na quarta-feira, fornecerá uma ideia melhor de como as autoridades monetárias veem o caminho futuro das taxas de juros.
O mercado está precificando uma elevação de 75 pontos-base por parte do Fed neste mês, após o banco central dos EUA realizar um aumento dessa magnitude em junho, o maior desde 1994.
O EUR/USD avançava 0,1%, a 1,0434, um pouco acima da mínima de cinco anos de maio, a 1,0349, e não foi ajudado pelo fato de a Alemanha registrar seu primeiro déficit comercial mensal desde 1991, depois que as exportações do país inesperadamente caíram em maio.
O déficit de 1 bilhão de euros sugere que a economia da Alemanha, movida por exportações, está sentindo todo o impacto da invasão da Rússia na Ucrânia, bem como dos bloqueios sanitários na China contra a Covid e de seu impacto nas cadeias de suprimentos internacionais.
O GBP/USD se valorizava 0,2%, a 1,2114, depois de atingir a mínima de duas semanas a 1,1976 na sexta-feira, e o USD/JPY subia 0,1%, a 135,37, enquanto o AUD/USD avançava 0,5%, a 0,6849.
O banco central da Austrália se reúne na terça-feira, e a expectativa é que eleve a taxa de juros na tentativa de frear a disparada da inflação.
Uma pesquisa da Bloomberg com 26 economistas mostrou que todos, exceto um, esperavam que o Reserve Bank da Austrália elevasse sua taxa básica em meio ponto percentual na terça-feira, para 1,35%, nível que não era visto desde maio de 2019.