Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava frente ao real nesta segunda-feira, acompanhando o enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior, mas operadores alertavam para possibilidade de volatilidade ao longo da semana, diante de cautela internacional após autoridades de grandes bancos centrais terem indicado manutenção de uma postura rígida em seu combate à inflação.
Às 10:14 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,33%, a 5,0623 reais na venda, depois de mais cedo ter chegado a cair 0,63%, a 5,0472 reais, nível que não era visto desde o dia 10 de agosto.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:14 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,08%, a 5,0660 reais.
A baixa do dólar no mercado doméstico estava em linha com a depreciação de seu índice contra uma cesta de seis moedas fortes, que caía 0,5% por volta de 9h55, perdendo fôlego depois de mais cedo ter renovado uma máxima em 20 anos. O euro, principal componente dessa cesta, ganhava 0,5%, a 1,0011 dólar, apoiado por comentários de Isabel Schnabel, diretora do Banco Central Europeu.
Ela alertou no fim de semana que os bancos centrais devem agir vigorosamente para combater a inflação, o que aumentou apostas numa alta de juros agressiva de 0,75 ponto percentual pelo BCE em setembro, desfazendo ainda mais a visão até pouco tempo atrás predominante de que o Federal Reserve estava isolado no aperto veemente das condições monetárias.
De volta ao Brasil, o dólar ficava a caminho de recuar por uma segunda sessão consecutiva, depois de ter fechado a semana passada com queda acumulada de 1,73%, no menor patamar desde o último dia 12. A moeda perde mais de 2% até agora em agosto.
"O fechamento dos vencimentos mais longos da curva (de juros) local, a queda do risco-país e o aumento dos preços das commodities beneficiaram a moeda doméstica" nos últimos dias, avaliou em relatório a equipe de macro e estratégia do BTG Pactual (BVMF:BPAC11).
Depois de ter superado os 325 pontos-base em meados de julho, rondando os maiores níveis em mais de dois anos, uma medida comumente acompanhada do risco-país do Brasil vem arrefecendo, e fechou a última sessão em 254,8 pontos.
Mas os próximos dias prometem volatilidade no mercado de câmbio, disse Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora, citando preocupação com as sinalizações de autoridades do Federal Reserve, que têm reforçado a necessidade de seguir elevando os juros de forma a controlar a inflação, mesmo que isso arraste a economia para uma recessão.
O destaque entre os indicadores econômicos desta semana será a divulgação do relatório sobre a criação de vagas de trabalho fora do setor agrícola norte-americano, conhecido entre participantes do mercado como "payroll", que "tem forte influência nas decisões de política monetária" do Fed, disse Rugik.
Uma leitura que indique resiliência do mercado de trabalho dos EUA tende a fortalecer os argumentos a favor de repetição de um aumento de juro superdimensionado, de 0,75 ponto percentual, pelo Fed em sua reunião de política monetária de setembro --cenário que já foi precificado pela maior parte dos operadores de futuros norte-americanos.
Quanto mais altos os custos dos empréstimos de determinado país, mais atraentes ficam os retornos de sua dívida, o que costuma impulsionar o direcionamento de recursos para esse mercado, aumentando a demanda pela moeda local.
A aproximação do fechamento da Ptax do fim de agosto, que acontecerá na quarta-feira, último dia do mês, pode colaborar para a instabilidade dos negócios ao longo desta semana, disseram alguns participantes do mercado.