Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - A queda firme de commodities como petróleo e minério de ferro no exterior pesaram sobre o real nesta terça-feira, o que fez o dólar subir mais de 1% no Brasil e ultrapassar novamente a barreira dos 5,60 reais, com o mercado local também voltando a demonstrar ceticismo quanto à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas.
O dólar à vista fechou em alta de 1,36%, cotado a 5,6587 reais. Em outubro a divisa acumula elevação de 3,85%.
Às 17h30, na B3 (BVMF:B3SA3) o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,16%, a 5,6620 reais na venda.
Na segunda-feira, o dólar contrariou o exterior e cedeu ante o real, após a Reuters ter informado que o governo prepara medidas de contenção de gastos obrigatórios, a serem apresentadas após a realização do segundo turno das eleições municipais, no fim deste mês.
A moeda norte-americana chegou a oscilar perto da estabilidade no início da sessão desta terça, mas rapidamente acelerou os ganhos em função da queda das commodities no exterior.
No caso do petróleo, o alívio dos temores sobre a possibilidade de cortes na oferta do Irã fez os preços dos barris caírem mais de 4%. Já o minério de ferro foi impactado pela perspectiva de menor demanda por aço da China e por números econômicos fracos divulgados recentemente pelo gigante asiático.
Os dois produtos são importantes para a pauta exportadora do Brasil.
“As commodities em queda estão puxando bastante o dólar, porque países exportadores estão sendo penalizados, como o Brasil”, comentou durante a tarde Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, ao justificar o avanço firme da moeda norte-americana ante o real.
Após ter registrado a cotação mínima de 5,5837 reais (+0,02%) às 9h07, pouco depois da abertura, o dólar à vista saltou para 5,6664 reais (+1,50%) às 13h50.
Além do exterior, conforme Avallone, o ceticismo do mercado quanto ao equilíbrio fiscal no Brasil voltou a dar sustentação às cotações -- algo que foi visto também no mercado de DIs (Depósitos Interfinanceiros) nesta terça-feira.
No exterior, o dólar seguia em alta ante a maior parte das demais divisas no fim da tarde, incluindo moedas pares do real como o peso mexicano e o peso chileno. Às 17h27, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,07%, a 103,250.
Nesta sessão, o BC vendeu todos os 14.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de dezembro de 2024.