Dólar sobe, mas fecha abaixo de R$5,70 após BC fazer maior venda de moeda à vista desde abril

Publicado 02.03.2021, 18:13
Atualizado 02.03.2021, 18:15
© Reuters. Notas de cem dólares

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta de mais de 1% nesta terça-feira, mas encerrou a sessão abaixo de 5,70 reais, patamar superado ao longo do dia em meio a uma forte pressão de compra que levou o Banco Central a vender mais de 2 bilhões de dólares à vista no mercado.

Desmontes de posições compradas em dólar por fundos com a moeda perto de 5,70 reais ajudaram a arrefecer os ganhos da moeda ao longo da tarde, segundo operadores.

O dólar à vista subiu 1,15%, a 5,6662 reais na venda, maior patamar de encerramento desde 3 de novembro do ano passado (5,7609 reais). Na máxima desta sessão, foi a 5,735 reais, alta de 2,37%.

Os negócios sentiram o baque já no começo do pregão da notícia da véspera sobre aumento de tributação a bancos. Conforme a sessão transcorreu, operadores repercutiram rumores sobre flexibilização de regras fiscais, puxando o dólar ainda mais para cima.

A leitura do novo parecer da PEC Emergencial, oficialmente protocolado nesta terça-feira, não confirmou os maiores temores do mercado de que o texto pudesse trazer flexibilizações adicionais ao teto de gastos, o que ajudou a reduzir o ímpeto do dólar. Ainda assim, o texto trouxe uma versão mais desidratada da proposta, mantendo no mercado a incerteza sobre aumentos de gastos sem contrapartidas a contento.

"Há uma indefinição sobre o que é plano econômico do governo", disse Arnaldo Curvello, sócio-diretor da Galapagos WM. "Ninguém consegue ver isso com exatidão. O que parece é que o único plano do governo é a preocupação com a eleição. E isso se traduz em populismo", completou.

A moeda e a bolsa de valores do Brasil ocupam a lanterna entre seus pares neste ano, conforme investidores temem abandono da política econômica liberal e seus consequentes impactos sobre a agenda de reformas e o futuro das contas públicas.

A incerteza golpeia o real de maneira particular porque o ativo já não conta há tempos com a proteção da taxa de juros, que em termos reais está negativa, corroendo a atratividade do real num momento em que nos EUA os rendimentos de títulos batem máximas em um ano.

Essa fotografia deixa o câmbio mais suscetível a movimentos bruscos. Nesta terça, a cotação mostrou rota ascendente até o começo da tarde, mesmo depois de, perto de 9h30, o Banco Central ter anunciado o primeiro leilão do dia, no qual colocou 1 bilhão de dólares.

Às 12h40, o dólar bateu o pico da sessão --5,735 reais, alta de 2,37%. Sete minutos depois, o BC informou o segundo leilão do dia, em operação que injetou no mercado mais 1,095 bilhão de dólares.

As vendas de dólares desta terça serão liquidadas em 4 de março, num total de 2,095 bilhões de dólares. É o maior valor para um só dia desde a venda de 2,175 bilhões de dólares liquidada em 28 de abril do ano passado.

Num período de quatro pregões, o BC vai liquidar a colocação de 5,175 bilhões de dólares no mercado à vista, volume não visto em cerca de um ano.

As recentes atuações do BC, porém, não passaram incólumes a críticas. Alguns operadores estranharam operação no meio do "call" do fechamento do mercado de DI na semana passada e intervenções consideradas erráticas --ocorridas em dias sem "underperformance" do câmbio e ausentes em sessões de piora relativa do real, segundo avaliaram.

"O rumo do real no curto prazo vai depender, além do fiscal, da atuação do BC via taxa de juros. Essa é a ferramenta que, agora, poderia dar um refresco à moeda", disse Curvello, da Galapagos WM.

A Selic nominal está em 2%, mínima histórica, e o BC pode elevar a taxa daqui a duas semanas, de acordo com expectativas do mercado.

(Por José de Castro)

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