Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar era negociado em alta contra o real nesta quarta-feira, voltando a superar 4,67 reais depois de registrar maior queda em seis meses na sessão anterior, acompanhando o menor apetite por risco no exterior.
Às 10:08, o dólar avançava 0,45%, a 4,6667 reais na venda, depois de chegar a subir para 4,6750 reais. O dólar futuro de maior liquidez operava em alta de 0,47%, a 4,6765 reais.
Em todo o mundo, os investidores adotavam um tom mais cauteloso à medida que acompanhavam a rápida expansão do surto de coronavírus, que forçou vários governos e bancos centrais a anunciar medidas de emergência para evitar que a doença leve a uma nova recessão econômica.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na terça-feira que pedirá ao Congresso um corte de impostos sobre salários e outros movimentos de estímulo "muito importantes", mas detalhes ainda não estão claros.
"A discussão se volta agora para o cronograma de implementação desse pacote – quando e quanto será de fato implementado, e se outros países seguirão esses passos e aplicarão estímulos para apoiar a economia", disse em nota a XP Investimentos.
No exterior, a moeda norte-americana era negociada em queda contra uma cesta de rivais, uma vez que a aversão a risco fortalecia iene japonês e franco suíço, dois ativos procurados em tempos de cautela financeira ou geopolítica.
Ao mesmo tempo, os principais pares do real -- peso mexicano, lira turca e rand sul-africano -- tinham perdas acentuadas contra o dólar, cedendo entre 0,6 e 1,3%. A falta de clareza das medidas de Trump colaboravam para esse movimento, segundo a Commcor DTVM, e o movimento contaminava a moeda brasileira.
No âmbito doméstico, operadores analisavam dados sobre a inflação oficial do Brasil, que voltou a acelerar em fevereiro e ficou acima do esperado, mas registrou a taxa mais baixa para o mês em 20 anos.
Além disso, o Banco Central segue intervindo nos mercados de câmbio, mas deixou de ofertar dólar à vista, como havia feito na véspera. Nesta quarta-feira, a autarquia vendeu 20 mil contratos de swap tradicional com vencimentos em agosto, outubro e dezembro de 2020.
O BC, na véspera, vendeu 2 bilhões de dólares em moeda spot, o que ajudou a divisa norte-americana a cair 1,69%, a 4,6457 reais na venda, maior baixa diária desde 4 de setembro de 2019.