Por Jessica Bahia Melo
Investing.com - Profissionais que recebem remessas mensalmente precisam lidar com o dilema de buscar o momento adequado para a conversão, para obter uma cotação que seja vantajosa. Com as oscilações frequentes no câmbio, diante de dados econômicos locais e externos, além de repercussões de falas políticas, colaboradores de empresas internacionais, que ganham recursos de outros países em forma de salário, mas não vão gastar no exterior, enfrentam incertezas sobre a melhor hora para realizar a conversão. Além disso, quem recebe de fora também precisa ficar de olho no spread cobrado para a operação.
Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank, que possui plataforma de transferências, aponta que grande parcela da carteira hoje é composta por desenvolvedores de software em trabalho remoto, um mercado que considera crescente. Outros profissionais, principalmente prestadores de serviços como análise de dados, comunicação e outros, representam um público com esta dor.
Com as oscilações das moedas estrangeiras, principalmente o dólar, especialistas consultados pelo Investing.com Brasil elencaram algumas estratégias que podem ser adotadas.
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Conversão da moeda estrangeira
Quem recebe moeda estrangeira em conta no Brasil pode, em teoria, escolher o melhor momento para fechar o câmbio. Na verdade, as corretoras e bancos não costumam informar isso ao cliente, segundo Vanessa Blum Colloca, diretora da Getmoney e colunista do Investing.com Brasil.
“Por lei, o cliente precisa ser notificado ou avisado assim que o crédito de moeda estrangeira chega no Brasil. O que normalmente ele não sabe, é que não é obrigatório o fechamento do câmbio neste momento, e nem na totalidade”, aponta Colloca. A especialista explica que em alguns casos, é necessário travar o câmbio até o último dia útil do mês, devido à posição cambial da corretora. “Mas por exemplo, o cliente recebe US$ 10 mil e está com medo da variação cambial, ele pode ir ao decorrer dos dias fechando 5 lotes de US$ 2 mil e, desta forma, não pegar o pior momento. É como na compra e venda de papel, ele pode fazer o preço médio, neste caso, o custo médio”.
A estratégia indicada é segurar para fechar no momento que julgar mais atrativo ou em lotes para não pegar um momento ruim. “Quanto mais bagunçado o cenário estiver, maior a taxa de câmbio. Insegurança política, descomprometimento fiscal, tudo isso força o dólar para cima, pois é um ativo de segurança”, completa a diretora da Getmoney.
Thamara Alves, head da mesa de câmbio na BS Investimentos, assessoria ligada à XP (BVMF:XPBR31), reforça que uma atitude fundamental para quem recebe em moeda estrangeira é sempre optar por receber por meio de plataformas que permitam arbitrar o momento de fazer o câmbio, que possibilitem deixar o dólar parado na conta. “Outra estratégia que se mostra muito efetiva é acompanhar o mercado ou ter um profissional de confiança e ir fazendo o câmbio em parcelas, aproveitando os picos de alta, assim consegue uma taxa média boa, para isso também é essencial optar por bancos ou corretoras que não cobrem taxa por cada contrato fechado”, destaca Alves. Outro ponto importante é ter em mente a taxa mínima de câmbio aceitável, para que caso o cliente precise de liquidez e o câmbio se aproximar dessa taxa com tendência de queda mais acentuada, ele possa realizar o câmbio de imediato. “Para os mais arrojados, há a possibilidade de utilizar instrumentos de derivativos para fazer o hedge dessas operações”, indica.
Uma das medidas sugeridas por Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank, é estipular um prazo para chegar à taxa escolhida. “Digamos que eu tenho até uma semana que eu consigo dentro da minha realidade receber esse recurso e converter pra reais essa conversão desejada, posso estipular esse prazo e a partir do momento que o mercado atinge essa cotação, a operação trava automaticamente e o usuário é notificado via e-mail”, detalha.
Conta global vale a pena?
Instituições financeiras como o Inter (NASDAQ:INTR), Nubank (BVMF:NUBR33) e a XP, além de muitas outras, oferecem a possibilidade de os clientes criarem contas internacionais, para câmbio, compras e transferências. Em contas de remessa, por exemplo, é possível apenas realizar a conversão para outra conta, mas não efetuar compras.
As contas globais podem ser elogiadas porque é possível manter recursos até uma eventual conversão para outra moeda estrangeira, como euro, por exemplo, assim como utilizar um cartão de débito internacional, mas dependem do contexto do que é oferecido pelas plataformas, na visão de Luiz Felipe Bazzo.
“Então digamos que eu quero viajar e quero manter um saldo na conta internacional, faz sentido. Mas se quiser sempre converter e trazer pro Brasil porque depende desse recurso, uma conta transacional vai sair muito mais barata em termos de taxa de spread cambial que a instituição vai cobrar”, pondera o especialista.