O dólar operou em alta na comparação com a maior parte de suas moedas rivais nesta sexta-feira, estendendo os ganhos dos últimos dias, em meio à repercussão pela mudança de postura do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), cuja maioria dos dirigentes agora prevê alta da sua taxa de juros em 2023. Comentários do presidente da distrital de St. Louis da entidade, James Bullard, reforçaram o temor do mercado por menor acomodação monetária, fortalecendo a divisa americana.
O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares, fechou em alta de 0,37% hoje, e de 1,84% na semana, aos 92,225 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro recuava a US$ 1,1873, a libra depreciava a US$ 1,3814, e o dólar caía a 110,15 ienes.
O índice se fortaleceu especialmente após Bullard dizer, em entrevista à CNBC, que espera uma alta dos juros nos Estados Unidos já no fim de 2022, antecipando a previsão da maioria dos dirigentes do Fed. Além disso, ele confirmou que o presidente da instituição, Jerome Powell, iniciou "oficialmente" as discussões no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) pelo aperto gradual das condições monetárias.
"A forte recuperação do dólar americano após a reunião do Fed desta semana sugere que um reajuste acentuado nas posições está ocorrendo", avalia o Rabobank, em relatório enviado a clientes. O banco holandês estima que as sinalizações tanto do comunicado do Fed quando dos comentários de dirigentes indicam que as compras de ativos do BC americano diminuirão antes do esperado pelo mercado.
Em posição contrária à de Bullard, o presidente da distrital de Minneapolis do Fed, Neel Kashkari, defendeu a manutenção do juros no patamar atual ao menos até o fim de 2023, de forma a apoiar a plena recuperação do mercado de trabalho no país. Nenhum dos dois dirigentes têm direito a voto nas reuniões do Fomc neste ano.
Na Europa, a libra esteve entre as moedas de países desenvolvidos com a pior performance ante o dólar hoje, pressionada pelo resultado contrário à alta esperada nas vendas no varejo britânico em maio. Segundo a Pantheon, os gastos no varejo devem perder força no decorrer do ano, à medida que o setor atinge nível próximo ao do período anterior à pandemia de covid-19.
Contrariando o movimento geral no mercado cambial, o iene japonês se fortaleceu ante a divisa americana, após o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) anunciar a manutenção de sua política monetária na madrugada de hoje, além da extensão do seu programa de empréstimos à empresas e o lançamento de uma nova linha de crédito no país.
A Capital Economics estima, no entanto, que a força do iene ante o dólar não durará muito tempo. "Esperamos que o iene continue a se desvalorizar em relação ao dólar norte-americano neste ano, à medida que os rendimentos da T-note de 10 anos retomam sua alta", prevê a consultoria britânica, em relatório enviado a clientes.