Por Jessica Bahia Melo
Investing.com – Em relatório divulgado aos clientes e ao mercado nesta segunda, 17, o Goldman Sachs (NYSE:GS) atualizou as recomendações no setor farmacêutico. O banco mudou a recomendação de Hypera (BVMF:HYPE3) de neutra para compra, elevando o preço-alvo em doze meses de R$ 47 para R$ 55, além de rebaixar Blau Farmacêutica (BVMF:BLAU3) de compra para neutra, diminuindo o preço-alvo de R$ 38 para R$ 35. Nesta terça-feira, as ações da Hypera subiam 1,72%, cotadas a R$ 47,98, enquanto as da Blau recuavam 2,87%, a R$ 30,77.
Em relatório, os analistas Gustavo Miele e Emerson Vieira destacam a alta das ações da Blau em mais de 30% nos últimos quatro meses, enquanto as da Hypera subiram cerca de metade disso, o que consideram injustificável. Para os analistas, a maturação da divisão institucional da Hypera contrasta com incertezas de curto prazo da Blau, principalmente relacionadas à imunoglobulina e competição em categorias de especialidade e oncologia. Mesmo assim, os analistas continuam otimistas em relação às perspectivas de crescimento de longo prazo da Blau.
Tese de investimento da Hypera
O Goldman Sachs vê a Hypera como uma forte geradora de ganhos nos últimos trimestres, registrando aumentos de participação de mercado convincentes no varejo. A expectativa é que esse desempenho operacional continue com o amadurecimento de lançamentos e o desenvolvimento de uma divisão institucional operacional promissora. Entre os benefícios, também estão as vendas de imunoglobulinas. Para o Goldman, Hypera é uma ação “defensiva no setor frente a potencial volatilidade macroeconômica”, pois o setor farmacêutico de varejo no Brasil vem apresentando um desempenho resiliente, mesmo em cenários de crescimento econômico mais fraco.
O banco também avalia que o forte desempenho da companhia é impulsionado pelo crescimento de seu portfólio, tendo em vista que a empresa tem atualmente 20 marcas. Os negócios continuam fortes em categorias como RX, saúde do consumidor e genéricos. A projeção é que a empresa atinja R$ 500 milhões em receitas provenientes de novos medicamentos lançados desde 2018, em um momento em que o número de medicamentos lançados neste ano deve ultrapassar 100.
Tese de investimento da Blau
A empresa foi insuficiente em algumas métricas operacionais (receita líquida, margem EBITDA, capex e capital de giro) nos últimos três trimestres, segundo o Goldman Sachs, levando a revisões negativas persistentes nas estimativas de lucros, principalmente com a concorrência mais acirrada no setor.
Para os analistas do Goldman, mesmo que haja perspectivas saudáveis de crescimento resiliente de longo prazo, os resultados de curto prazo ainda não são atraentes diante de crescimento ainda fraco do EBITDA e ganhos pressionados com grandes necessidades de capital de giro e capex acima do esperado.
O banco destaca que as receitas têm sofrido com ventos contrários mais fortes do que a expectativa, além de dificuldades nos resultados em medicamentos biológicos, principalmente imunoglobulina. Entre os fatores, o Goldman elenca severas restrições de fornecimento de plasma, concorrência mais acirrada no Brasil devido a novas regulações, que incentivam empresas farmacêuticas e distribuidores de hospitais a importar imunoglobulina.