Investing.com – Em um cenário de crescimento econômico heterogêneo e com o desafio de impulsionar a atividade, a resolução da situação fiscal, em busca do equilíbrio das contas públicas, é o ponto mais sensível avaliado pelo mercado. Essa é a visão de Marcelo Benchimol Saad, sócio da Laplace Finanças.
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Com o andamento do ciclo de cortes nas taxas de juros, as perspectivas para o mercado, emissões e demais operações são mais favoráveis para o próximo ano.
Em relação aos setores mais promissores, em sua visão, Saad menciona infraestrutura. “Temos o desafio da taxa de juros, mas tem muita coisa no pipeline do Brasil”, destaca, em entrevista ao Investing.com Brasil.
Confira na íntegra:
Inv.com – Qual a percepção sobre a economia brasileira que tinha no início do ano e, chegando no final dele, algo mudou? Está mais otimista ou pessimista/por quais motivos?
Marcelo Benchimol Saad – A projeção de crescimento subiu ao longo do ano e espera-se que a economia tenha boa performance, mas será um movimento heterogêneo em diferentes setores. O varejo de modo geral, em que há demanda de consumidores, continua abaixo do esperado, esta performando relativamente pior, em que pesem algumas belas exceções. Alguns segmentos ligados a crédito (não corporativo) também estão com performance “subpar”. Aqui também há exceções importantes como alguns segmentos das incorporadoras imobiliárias.
Em contrapartida, outras áreas vão muito bem, caso do agro, e há ainda a incerteza sobre a política fiscal, que não ajuda a performance da economia, atuando sobre os canais de confiança empresarial e o investimento. Mas de modo geral, as expectativas são positivas.
Inv.com – Quais os principais desafios para a economia brasileira ainda neste ano? Muda alguma tendência para o mercado, em sua visão?
Saad – Não sei se é desafio ou o principal item da agenda econômica, mas a condução da equação fiscal do governo federal em 2024, que vem sendo arduamente negociada por todos os lados, é o item mais sensível ao mercado. Também não se pode deixar de levar em conta os crescentes riscos do cenário internacional, com conflitos que não sabemos como vão evoluir.
Inv.com – Como está avaliando o ritmo de ajustes na nossa política monetária e sua percepção sobre impactos nos mercados (incluindo possíveis M&As e IPOs) neste ano/ ano que vem?
Saad – Não tem mudanças da política monetária afetando M&A ainda este ano. Para 2024 vejo muitos fatores que podem influenciar a política monetária do Banco Central, sob os quais não se tem muito controle. E, claro, incerteza não favorece a evolução dos mercados. Acho que esse é o principal elemento para se olhar em 2024. Este ano teremos provavelmente R$30 ou 40 bilhões de follow-on (oferta pública de ações de empresas já listadas em bolsa), mas deste total um número pequeno de operações representa metade do volume.
Para o próximo ano, esperamos um mercado mais ativo e com um número maior de operações, mas talvez ainda focado majoritariamente em ofertas secundárias de equities, e dentro destas, as operações de maior volume. Operações menores são sempre mais dependentes do momento de mercado e precisam ser analisadas caso a caso, porque estão atreladas a uma série de variáveis. Não parecem estar tão positivas neste momento, mas temos a tendência de olhar o curtíssimo prazo e essas coisas mudam muito rápido. Por isto ainda guardamos boas expectativas para 2024.
Inv.com – Alguns setores que podem ser mais promissores nos próximos meses, em sua visão? Por quais motivos?
Saad – Creio que entre os setores promissores, com menor risco, estão as atividades relacionadas à infraestrutura de modo geral. Temos aí o desafio da taxa de juros, mas tem muita coisa no pipeline do Brasil. Os setores mais difíceis são os que mais vão demandar capital – sempre bom lembrar que dificuldades também podem representar oportunidades para outras áreas, como crédito privado, special situations e outras afins.
Inv.com – Quais as próximas fases/objetivos da Laplace? Pode contar um pouco sobre os negócios/perspectivas para 23/24?
Saad – A perspectiva sempre é boa porque temos uma capacidade de interação que sempre cria e sempre criou relação constante com os clientes de mandados grandes, para futuras oportunidades, mas é difícil cravar números diante de um mundo tão fluído, que muda a todo instante. De toda forma, nossa expectativa é sempre de crescimento.