Investing.com – O balanço do primeiro trimestre e o anúncio do aumento de capital movimentaram as ações da 3R Petroleum (BVMF:RRRP3) nas últimas semanas. Os indicadores mostraram pressão nas margens devido aos custos de extração, mas não houve grandes surpresas negativas, na visão de analistas consultados pelo Investing.com. O lucro reportado pela companhia animou os acionistas, que estavam cautelosos diante da diluição e da repercussão de movimentações de conselheiros, que apostaram na queda dos papéis.
Saiba mais sobre o balanço da empresa.
Na quinta-feira, 27, as ações dispararam dois dígitos com a repercussão dos indicadores financeiros, resultando em valorização de 11,91%. Nesta sexta, 28, os papéis também fecharam o pregão em alta, em continuidade ao movimento, subindo 4,04%, a R$31,67.
As petroleiras de menor porte passam por momentos de incerteza diante das oscilações nas cotações de petróleo. Além disso, os acionistas veem com cautela a política de desinvestimentos da Petrobras (BVMF:PETR4) com o novo governo – o que afeta de forma direta a junior oil, com boa parte da Tese de Investimentos atrelada à expectativa de início das operações no Polo Potiguar, localizado no Rio Grande do Norte. O valor estimado para a aquisição é de R$ 1,38 bilhão, mas o processo ainda não foi concluído.
Por fim, a alíquota de exportação de 3 meses implementada no início do ano para exportação de petróleo é um risco para as pequenas petroleiras, com a incerteza se o imposto possa ser renovado ou se tornar definitivo.
CONFIRA: Cotações das commodities de energia
Bull case, tese de alta
A 3R reportou um lucro líquido de R$16,1 milhões no primeiro trimestre deste ano, contra resultado negativo de R$335,17 milhões em igual período no ano anterior. Enquanto isso, a receita líquida chegou ao recorde de R$573,69 milhões, alta de 28,9% frente ao trimestre anterior ou 52,9% na base anual.
Victor Bueno, analista da Nord, considerou os números em linha com o esperado pelo mercado, tendo em vista que as petroleiras divulgam mensalmente seus dados de produção. “Houve elevação no número de barris diários por conta da incorporação de novos campos comprados da Petrobras e, com isso, a receita subiu”, destaca Bueno, que lembra que a empresa conta com benefício fiscal da Sudene, com exceção do polo Papa Terra.
A principal expectativa do mercado em relação à 3R, no entanto, está no polo Potiguar. Quando a 3R começar a operação no polo, além do crescimento de produção, terá toda uma infraestrutura que permite o acesso ao mercado internacional. “Se a gente não o considerasse, a produção para os próximos cinco anos seria em torno de 30 mil barris. Considerando o polo, seria acima de 80 mil, o que deve levar a empresa a outro patamar”, detalha Arlindo Souza, analista de ações do TC.
Bear case, tese de baixa
O custo de extração e aproveitamento de sinergia entre os campos são os pontos de cautela apontados pelos analistas. Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, avalia que os resultados do primeiro trimestre vieram ruins, mas em linha com o mercado. “O que a gente viu foi o mesmo dos últimos trimestres e até de anos. Sem ganhos operacionais. A empresa não está conseguindo entregar o que, de fato, ela se propõe, que é reduzir custos e poder se aproveitar das sinergias. O que o mercado gostou foi de não ter surpresas negativas, então a empresa se valorizou bastante.”
Arlindo Souza destaca que o balanço foi neutro para ruim devido ao custo de extração. “O ativo de Papa Terra da 3R é o maior ativo hoje, e ele ficou em torno de 21 dias parado, com paralisações no final de fevereiro, início de março, o que prejudica bastante em termo de custos”, completa.
Ainda, Souza lembra que os ruídos do Ministério de Minas e Energia a respeito da transferência do ativo de Potiguar vieram pressionando as ações, com um receio sobre uma possível suspensão. A Petrobras manteve posicionamento a respeito de contratos já assinados, o que pode retirar as incertezas.
Além disso, Souza completa que, para qualquer tese de empresas de commodities, as oscilações são fator de cautela – e o petróleo vem sofrendo com diminuição das cotações. A 3R vem operando com hedge nas produções, mas os riscos continuam, detalha.
O Conselho de Administração da 3R ainda aprovou um aumento de capital de, no máximo, R$ 899,999 milhões, e, no mínimo, R$ 600 milhões, visando aumentar a posição de caixa, reduzir a alavancagem e possibilitar o capex. O timing e o preço foram pontos de atenção elencados pelos entrevistados. Ainda que os analistas enxerguem sentido na decisão, o anúncio pegou o mercado de surpresa e vinha pressionando os papéis, principalmente após movimento de proteção do conselho diante dessa medida, acendendo um alerta para a governança.
ANÁLISE - RRRP3: A história que a 3R não explicou
Saiba mais sobre as perspectivas da 3R em mais um episódio do podcast Tese de Investimentos! O áudio pode ser acesso pelo player abaixo ou pela sua plataforma de áudio favorita. Estamos no Spotify, Deezer, Apple e Google Podcasts.