Por Crispian Balmer
VENEZA (Reuters) - O diretor norte-americano Woody Allen apresentou seu 50º filme no Festival de Cinema de Veneza nesta segunda-feira, dizendo aos repórteres que teve uma "vida de muita, muita sorte", sem fazer referência aos escândalos que o têm perseguido nos últimos anos.
"Tive apenas boa sorte e espero que ela dure", disse ele aos repórteres antes da estreia de seu primeiro filme em francês, "Coup de Chance".
"Tive dois pais amorosos, tenho bons amigos, tenho uma esposa e um casamento maravilhosos, dois filhos. Em alguns meses terei 88 anos. Nunca estive em um hospital. Nunca tive nada de terrível acontecendo comigo", disse ele.
O diretor vencedor de quatro Oscars e criador de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" e outras comédias teve uma vida pessoal turbulenta que o fez ser cada vez mais evitado por muitas celebridades e executivos de Hollywood.
Ele chegou às manchetes na década de 1990 após seu caso e casamento com Soon-Yi Previn, filha adotiva de sua ex-amante Mia Farrow, bem como acusações de abuso sexual por parte de sua filha adotiva Dylan Farrow. Ele sempre negou as acusações e nunca foi acusado judicialmente.
Em uma entrevista separada à Variety, à margem do festival de cinema, Allen disse que apoiava o movimento #MeToo, que trouxe um foco intenso à má conduta sexual na indústria do entretenimento, mas acrescentou que o movimento também pode se tornar "bobo... quando for muito extremo".
O Festival de Cinema de Veneza foi denunciado por alguns por dar a Allen uma prestigiada vaga fora da competição para seu novo filme, mas recebeu muitos aplausos na exibição para a imprensa desta segunda-feira e o próprio diretor teve uma recepção calorosa.
Allen pretendia originalmente escalar atores norte-americanos para os papéis principais, mas disse que sempre se inspirou em cineastas europeus, por isso ficou feliz em mudar de idioma, embora não fale francês.
Como muitos de seus filmes, "Coup de Chance" se inspira nos temas do amor, do adultério e da morte. No entanto, Allen disse que não valia a pena insistir muito na morte.
"Não há nada que você possa fazer a respeito. É um mau negócio e você está preso a ele", disse ele.