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Campanha de Ricardo Nunes teme que ato do feriado com Bolsonaro se torne vitrine para Marçal

Publicado 07.09.2024, 05:21
Atualizado 07.09.2024, 08:40
© Reuters Campanha de Ricardo Nunes teme que ato do feriado com Bolsonaro se torne vitrine para Marçal
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O 7 de Setembro na Avenida Paulista virou uma dor de cabeça para a campanha de Ricardo Nunes (MDB), que teme que Pablo Marçal (PRTB) acabe faturando politicamente com o evento. Assessores do prefeito estão apreensivos com a possível presença em massa de apoiadores do ex-coach, que poderiam transformar o evento organizado por aliados de Jair Bolsonaro em um ato de desagravo a Ricardo Nunes.

A presença de Marçal no evento ainda é incerta. O influenciador chegou a El Salvador nesta quinta-feira, 5, para um possível encontro com o presidente do País, Nayib Bukele. Ele ainda tenta marcar conversas com o ex-presidente Donald Trump, o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani e o presidente argentino Javier Milei. No entanto, nenhuma das reuniões foi confirmada.

Se Marçal participar do ato no próximo sábado, será o primeiro encontro entre três peças de um "triângulo amoroso" que está se desenhando na eleição para a Prefeitura de São Paulo. Nunes disputa o eleitorado de direita com Marçal e conta com o apoio formal do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente, no entanto, tem flertado com a candidatura do ex-coach - movimento que causou desconforto na campanha do atual prefeito que busca a reeleição.

Na última pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta, 5, Marçal aparece empatado tecnicamente com Nunes e Guilherme Boulos (PSOL). O psolista aparece ligeiramente à frente, com 23% das intenções de voto. O influenciador e o emedebista aparecem com 22% cada. Entre os eleitores de Bolsonaro, Marçal se estabelece na frente, subindo 4 pontos percentuais - eram 44% há duas semanas, passando para 48% agora. Nunes oscilou 1 ponto: foi de 30% para 31% dos votos de quem tentou eleger o ex-presidente.

O principal receio da equipe de Nunes é que os apoiadores de Marçal compareçam em grande número ao evento, usando bonés e camisetas em apoio ao ex-coach, e que vaiem o prefeito quando seu nome for anunciado no microfone.

Conforme noticiou a Coluna do Estadão, Nunes vai adotar "vacinas" para ir ao protesto na Avenida Paulista sem ficar associado à direita radical. O prefeito deve vestir uma camisa amarela e deixar o local antes de discursos inflamados, assim como fez na última manifestação bolsonarista, de fevereiro deste ano.

Marçal mantém suspense sobre presença no atoO ato bolsonarista, organizado pelo pastor Silas Malafaia, terá como mote o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O pano de fundo da reunião, entretanto, será a luta a favor da liberdade de expressão e da anistia dos presos nos ataques de 8 de Janeiro. Na ocasião, apoiadores de Bolsonaro destruíram os prédios dos Três Poderes em Brasília, capital federal.

Interlocutores de Marçal afirmam que sua presença no protesto pode ser uma "surpresa". Até o momento, ele não confirmou se comparecerá ao evento. Para sua equipe, não seria inesperado que o ex-coach tomasse essa decisão "de última hora" devido à sua conhecida "imprevisibilidade", embora a logística de voos também precise ser considerada uma vez que, na tarde de sexta-feira, Marçal ainda estava em El Salvador.

Ricardo Nunes já confirmou sua presença no ato. Em entrevista à Rádio Eldorado na última segunda, ele afirmou que não pedirá o afastamento de Moraes e classificou a manifestação como "em defesa do Estado democrático de direito". Um dos vereadores empenhados na campanha do emedebista, Rubinho Nunes (União), decidiu deixar o prefeito de lado e apoiar a candidatura do adversário Marçal. O vereador deve comparecer ao ato na Paulista. Integrantes de sua equipe confirmaram ao Estadão que o núcleo próximo do vereador pretende "ir de boné", aquele com o "M", usado pelo ex-coach, "e fazer campanha" para o empresário por lá.

Outros apoiadores de Pablo Marçal devem seguir a mesma linha. Na rede social X, antigo Twitter, e em grupos de Discord, eleitores do empresário defendem a participação de grupos favoráveis ao ex-coach no ato da Avenida Paulista. "Necessitamos estar presente na Paulista no dia 7 de Setembro para combater essa ditadura! Apoiando nosso prefeito (emoji do 'M') e o nosso Brasil. (Foram utilizados emojis da bandeira do País)."

Na avaliação de pessoas próximas a Marçal, comparecer ao 7 de Setembro ao lado de Bolsonaro e Nunes pode render bons cortes para suas redes sociais, uma plataforma que o ex-coach descreveu, em entrevista ao Roda Viva na última segunda-feira, 2, como a "única coisa" que ele sabe fazer. No entanto, participar de um ato que pede o impeachment de Moraes pode trazer um desgaste desnecessário para o candidato que, junto ao seu partido, o PRTB, tem enfrentado questionamentos na Justiça. Recentemente, em sabatina ao site Uol e ao jornal Folha de S.Paulo, o ex-coach afirmou que entrar numa guerra com o STF iria "destruir" a sua candidatura.

Na sabatina da TV Cultura, Marçal evitou defender o afastamento do ministro da Corte, restringindo-se a comentar que existe um "desequilíbrio dentro da República". Na mesma noite, ainda declarou: "Já estou arrumando problema com governador de Estado, com prefeito da cidade, com o presidente da República. Vou arrumar com o STF?". O Estadão apurou que, internamente, sua campanha também entende que comprar uma briga jurídica pode ser um movimento perigoso para a manutenção de sua candidatura.

O empresário possui diversas ações contra ele no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) que podem cassar seu registro de candidatura. Os motivos dos processos são o uso indevido dos meios de comunicação, além de ações por abuso de poder econômico. Além disso, Leonardo Avalanche, presidente do PRTB, é alvo de acusações de manter relações com integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). O Estadão mostrou que aliados de Avalanche na sigla participaram de um esquema de troca de carros de luxo por cocaína para a organização criminosa. E ainda, em um áudio revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, Avalanche aparece afirmando que mantém vínculo com a facção. O presidente do partido nega qualquer vinculação com a organização criminosa.

O pastor Silas Malafaia, que coordena o ato, disse que todos os candidatos serão bem-vindos e poderão subir ao palco, mas nenhum terá permissão para discursar. De acordo com Malafaia, a sequência dos discursos será a seguinte: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), os deputados federais Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO), Julia Zanatta (PL-SC), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador Magno Malta (PL-ES), o próprio Malafaia e, para encerrar, Jair Bolsonaro. O religioso deve ficar responsável pelo discurso "mais duro" contra Moraes, a quem chama de "ditador".

Em um vídeo do ex-presidente publicado no perfil de Eduardo, o antigo mandatário diz que as manifestações organizadas para o 7 de Setembro são parte de um movimento "suprapartidário". Contudo, na lista de oradores oficiais do evento, apenas membros de um único partido, o Partido Liberal (PL), terão tempo disponível para falar ao microfone com os manifestantes.

Nesta quinta-feira, 5, durante coletiva de imprensa, Bolsonaro afirmou que, depois de saber que Nunes iria à manifestação, ligou para Malafaia e disse que todos os outros candidatos poderão ir, se desejarem. "Obviamente, não vão usar o microfone, porque seria um comício. Não será o caso. Se o Pablo Marçal for, será muito bem recebido, assim como qualquer outro candidato", declarou. Ele também ressaltou que não pode desejar "boa sorte" ao ex-coach por ter um acordo para apoiar o atual prefeito em São Paulo.

Malafaia também confirmou que cerca de 50 pessoas, entre senadores e deputados, devem ficar no alto do trio elétrico principal, o 'Demolidor', que será instalado no cruzamento entre a Avenida Paulista e a Rua Peixoto Gomide. O local do posicionamento do carro já é tradição entre os movimentos bolsonaristas que acontecem na região.

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