Desembargador defende tornar réu promotor do Piauí suspeito de exigir propina de R$ 3 milhões

Publicado 26.08.2025, 19:16
Atualizado 26.08.2025, 22:40
© Reuters.  Desembargador defende tornar réu promotor do Piauí suspeito de exigir propina de R$ 3 milhões

O desembargador Ricardo Gentil Eulálio, do Tribunal de Justiça do Piauí, votou para tornar réu o promotor de Justiça Maurício Verdejo Gonçalves Júnior, afastado do Ministério Público do Estado, por suspeita de corrupção.

O julgamento foi suspenso por um pedido de vista (mais tempo para análise) do desembargador Pedro Macêdo. Não há prazo para a retomada da votação.

O promotor é acusado de exigir R$ 3 milhões em propinas do empresário Junno Pinheiro Campos de Sousa, do setor hospitalar, para arquivar duas investigações criminais contra ele.

Se a denúncia for recebida, Maurício Verdejo vai responder por concussão, prevaricação, supressão de documento e tráfico de influência. A Polícia Federal apreendeu R$ 900 mil em dinheiro vivo na casa dele durante a investigação.

O advogado André Ricardo Bispo Lima, que foi assessor no Ministério Público, também foi denunciado. O servidor foi exonerado depois que o caso veio a público.

O Tribunal do Piauí precisa decidir se renova as medidas cautelares impostas ao promotor e a seu ex-assessor, como o afastamento das funções e o monitoramento por tornozeleira eletrônica.

’Negócio bilaterial’

A defesa contesta a acusação de extorsão. O advogado João Marcos Araújo Parente, que representa o promotor, alega que as conversas no WhastApp demonstram um "clima de transação e negócio bilaterial" entre Vedejo e o empresário.

"Não é suficiente para que eu receba uma denúncia pelo delito de concussão que eu tenha apenas a palavra da vítima dizendo que houve a exigência", argumentou o advogado antes do início do julgamento sobre o recebimento da denúncia.

A defesa alega ainda que a denúncia tem "excessos" e que não teve acesso a todas as provas que embasam as acusações.

"De fato, é uma acusação triste. Estamos aqui fazendo o nosso papel de defesa, buscando a correta aplicação da lei, mas chamando atenção do tribunal que não é o caso de se receber uma acusação por oito crimes decorrentes de um único fato", completou o advogado.

Recebimento da denúncia

O desembargador Ricardo Gentil Eulálio, relator do processo, votou para dar início ao processo criminal.

"A peça acusatória expõe de forma minuciosa os acontecimentos e as circunstâncias em que se deram. A denúncia apresenta uma narrativa congruente dos fatos criminosos bem como está instruída por vasto acervo probatório", defendeu o desembargador.

Neste momento, o tribunal está analisando se há indícios mínimos de crimes para justificar a abertura de uma ação penal. A participação ou não do promotor e de seu assessor será analisada no julgamento do mérito do processo, se ele for aberto, o que só ocorre após o depoimento de testemunhas e réus e da produção de provas complementares.

Operação Iscariotes

A investigação teve início depois que o empresário procurou a Polícia Federal para denunciar o pedido de propina.

Junno alegou que, em julho de 2024, foi abordado pelo promotor de Justiça em um restaurante. Na ocasião, o integrante do MP teria dado um prazo para que ele pagasse os R$ 3 milhões para não ser mais investigado e para "blindá-lo" de novos inquéritos.

A Polícia Federal fez uma ação controlada e conseguiu filmar o momento em que o promotor recebeu parte do dinheiro.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.