RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) foi preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira em seu apartamento na capital fluminense por suspeita de envolvimento em um esquema que teria desviado pelo menos 220 milhões de reais de recursos públicos federais em obras realizadas pelo governo do Estado, informou a PF.
A Polícia Federal disse em nota que o esquema investigado pela chamada operação Calicute identificou "fortes indícios de cartelização de grandes obras executadas com recursos federais mediante o pagamento de propinas a agentes estatais, incluindo um ex-governador do Estado do Rio de Janeiro".
Imagens ao vivo de televisão mostraram nesta manhã um comboio da Polícia Federal deixando o prédio onde fica o apartamento do ex-governador no bairro do Leblon em direção ao prédio da superintendência da entidade na cidade.
A PF esclareceu que a ação policial visa cumprir mandados judiciais autorizados tanto pela 13ª Vara Federal de Curitiba, que concentra as ações decorrentes da operação Lava Jato no Paraná, como pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que recebeu os processos decorrentes da Lava Jato no Estado.
No total foram expedidos 13 mandados de prisão e 14 mandados de condução coercitiva. Segundo a mídia local, a mulher de Cabral e diversos assessores do ex-governador também foram detidos pela PF na manhã desta quinta-feira como parte da operação.
"São investigados os crimes de pertencimento a organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros. Também participam das diligências 19 procuradores do MPF (Ministério Público Federal) e cinco auditores fiscais da RFB (Receita Federal)", acrescentou a PF em comunicado.
Cabral foi governador do Rio de Janeiro de 2007 a 2014 e conseguiu eleger Luiz Fernando Pezão (PMDB) como sucessor no governo do Estado. Ele teve papel de liderança na campanha do Rio para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 ao lado do prefeito da cidade Eduardo Paes (PMDB) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O nome do ex-governador e também ex-senador era apontado há muito tempo como um possível alvo da Polícia Federal por suspeita de corrupção envolvendo contratos com empreiteiras em obras bilionárias, como a reforma do estádio do Maracanã. Em junho, a PF prendeu o dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, ligado a Cabral e cuja empresa participou de diversas obras no Rio durante a gestão de Cabral.
Em 2013 o governador foi alvo de diversos protestos nas ruas do Rio, e manifestantes chegaram a montar um acampamento em frente a seu prédio para exigir sua renúncia.
A prisão de Cabral acontece um dia após o também ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) ter sido preso pela Polícia Federal em uma investigação separada que apura suspeita de fraude eleitoral no município de Campos dos Goytacazes, no Norte do Estado.
(Por Pedro Fonseca; Reportagem adiconal de Alonso Soto em Brasília)