Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - Candidato do presidente da Câmara dos Deputados para liderar a bancada do PMDB na Casa, o deputado Hugo Motta (PB) irá confirmar e fortalecer o poder de Eduardo Cunha (RJ) caso saia vitorioso na disputa nesta quarta-feira.
Embora negue as digitais de Cunha na sua candidatura, conta com o poder de influência do presidente da Câmara para derrotar o atual líder, Leonardo Picciani (RJ), que tem o apoio do governo.
Em declarações à imprensa, tenta se dissociar da pecha de candidato do presidente da Câmara, referindo-se a ele como um eleitor igual a qualquer outro integrante da bancada.
Durante a articulação da sua candidatura, deputados peemedebistas aliados de Cunha e opositores ao governo avaliaram que seria um bom nome. Consideraram sua atuação até então e o fato de ser do Nordeste, livrando a ala de dissidentes da indefinição que permeava a bancada mineira do partido, que não apoiava integralmente um rival para Picciani.
Jovem, Motta tem apenas 26 anos, já ocupou postos-chave na Casa, como a presidência da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC).
Mais recentemente presidiu a CPI que apura denúncias de irregularidades na Petrobras (SA:PETR4). Desde a sua criação, a CPI vem trazendo desgaste ao governo.
O deputado já não desempenhava, quando conduzia os trabalhos na CFFC, um papel favorável ao governo. Foi sob sua batuta que a comissão realizou audiências sobre compra da Refinaria de Pasadena pela Petrobras, uma das denúncias que pesam sobre a estatal.
Dentre as autoridades da época que foram levadas à comissão para prestar explicações sobre as suspeitas de irregularidades na aquisição, estavam a então presidente da empresa, Maria das Graças Foster, o ex-diretor Nestor Cerveró, e o ministro da Fazenda da época, Guido Mantega.
Nascido em família tradicional da política --seus avós maternos tiveram diversos mandatos nas Câmaras federal e estadual, enquanto o avô paterno e seu pai ocuparam a prefeitura da cidade de Patos (PB)--, Motta foi o mais jovem deputado eleito, com 21 anos, em 2010, e presidiu o PMDB jovem.
Na quarta-feira, disputará a liderança com Picciani, com quem guarda algumas semelhanças, embora encontrem-se em situação antagônica no momento.
Ambos são novos --o atual líder tem 36 anos--, vêm de famílias já inseridas na política e tiveram o início de seus desempenhos na Câmara dos Deputados sob a supervisão de Eduardo Cunha.