BRASÍLIA (Reuters) - Em uma estratégia para tentar garantir a votação da reforma trabalhista, um grupo de senadores tentava no início da tarde desta terça-feira apreciar o texto no auditório Petrônio Portela, sem a presença de parte da imprensa e de manifestantes que estão do lado de fora, uma vez que um protesto da oposição contra a matéria impedia a votação no plenário do Senado.
Não estava definido, porém, se a votação seria mesmo no auditório ou se ainda se buscaria um acordo para tentar apreciar a matéria no plenário da Casa.
Mais cedo, as senadoras da oposição Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (SA:CGRA3) (PCdoB-AM) ocuparam a Mesa do plenário protestando contra a votação do texto e impediram que o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), conduzisse a apreciação da proposta.
Eunício deixou o plenário do Senado e ordenou que as luzes fossem apagadas e os microfones cortados. As oposicionistas, entretanto, continuaram no plenário.
"Isso não é protesto, é avacalhação", atacou o vice-presidente do Senado Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). "Não satisfeitos em terem destruído o país, estão agora avacalhando o país", acrescentou, garantindo que o projeto "de uma forma ou de outra será votado hoje".
Um grupo de senadores não concordava com a votação no auditório e tentava um acordo com a oposição para retomar a discussão para o plenário.
O líder da minoria, senador Humberto Costa (PT-PE), disse que uma das possibilidades para que as senadoras oposicionistas desocupassem a Mesa era que o governo aceitasse um acordo para acabar com a modificação, feita na Câmara, que permite que mulheres grávidas possam trabalhar em lugares insalubres.
A proposta, no entanto, tem poucas chances de ser aceita pelo governo, já que se houver modificação no texto, o projeto teria de voltar à Câmara e tudo o que o governo quer neste momento é a aprovação da reforma pelo Senado para ser enviada à sanção pelo presidente Michel Temer.
O governo se comprometeu a editar uma medida provisória fazendo alterações na reforma trabalhista para que os senadores não alterem a proposta.
A votação da reforma trabalhista é uma aposta do governo em busca de apresentar um resultado de peso que mostre que ainda tem condições de conduzir sua agenda legislativa apesar da crise envolvendo o presidente Michel Temer, que é alvo de uma denúncia de crime de corrupção passiva apresentada pela Procuradoria-Geral da República.
Existe uma expectativa, no entanto, de que a votação desta terça-feira seja apertada. Para ser aprovado, o projeto que altera a legislação trabalhista precisa do apoio de pelo menos 41 dos 81 senadores. A oposição prometeu apresentar uma série de questionamentos antes que a votação em si possa ser encaminhada.
(Por Ricardo Brito; Reportagem adicional de Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)