BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira que respeitará a decisão da Câmara dos Deputados a respeito da denúncia apresentada contra ele pela Procuradoria-Geral da República, seja qual for o resultado, e disse que o momento exige respostas rápidas.
"A Câmara nesta semana, não posso deixar de dizer isso, tem uma importantíssima decisão a tomar ainda nesta semana, e eu respeitarei qualquer que seja o resultado da votação", disse Temer em discurso durante lançamento de programa de financiamento do Banco do Brasil (SA:BBAS3) para a agricultura.
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara votará a admissibilidade da denúncia contra Temer, após o relator Sergio Zveiter (PMDB-RJ) ter apresentado parecer favorável para que a Casa autorize o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgar o caso do presidente por crime de corrupção passiva.
Temer defendeu que os deputados acelerem a tramitação da denúncia para não dar espaço a incertezas, dizendo que o momento é de "respostas rápidas". A expectativa de parlamentares governistas é de que o tema seja votado pela CCJ na quinta-feira à noite, ficando liberado para ir ao plenário da Câmara na sequência.
Independentemente do resultado na CCJ, a denúncia também será votada pelo plenário, onde são necessários os votos de 342 dos 513 deputados (dois terços) para a Câmara autorizar o Supremo a examinar a denúncia. Se a Câmara autorizar e o Supremo aceitar a denúncia, Temer será afastado do cargo por um período de até 180 dias, sendo substituído pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Temer também aproveitou o discurso para rebater quem afirma que mais importante do que o futuro do próprio presidente é a manutenção da equipe econômica, algo que Maia tem dito em conversas reservadas que fará caso assuma a Presidência.
"Convenhamos, de vez em quando eu vejo dizendo se a economia vai bem não precisa de governo. Precisa sim. Porque foi este governo que botou a economia nos trilhos. Foi este governo que está colocando o trem nos trilhos, para que quem chegar em 2019 possa apanhar a locomotiva com os trilhos no lugar”, afirmou.
Temer foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo crime de corrupção passiva, com base nas delações de executivos da JBS (SA:JBSS3), como suposto beneficiário de uma mala de 500 mil reais recebida pelo ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures, que chegou a ser preso pela Polícia Federal.
(Por Pedro Fonseca, com reportagem de Marcela Ayres)