A gente não quer brigar com o dólar, diz Lula

Publicado 14.05.2025, 00:25
© Reuters. Lula dá entrevista coletiva em Pequimn14/05/2025nREUTERS/Tingshu Wang

(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ao final de uma visita oficial à China que o Brasil e outros países não desejam "brigar" com o dólar, mas na verdade encontrar uma alternativa para o comércio exterior que não seja dependente de uma única moeda.

"Venho batendo nessa tecla há muito tempo. Nós não precisamos, todos os países, ir atrás do dólar para fazer comércio exterior", disse Lula, em entrevista coletiva na manhã de quarta-feira na China.

"A gente não quer brigar com o dólar; o que a gente quer na verdade é criar um jeito de encontrar -- ou uma moeda ou uma cesta de moeda -- que possa permitir que a gente possa fazer negócio sem ficar dependendo de uma única moeda."

As conversas não têm passado despercebidas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que impôs um tarifaço às exportações dos países aos EUA. Em fevereiro, Trump avisou que os países do Brics, que incluem Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros, podem enfrentar tarifas de 100% dos Estados Unidos "se quiserem brincar com o dólar".

Nesta terça, Lula também defendeu que o Brasil saia da "mesmice", invista na inovação comercial e busque novos parceiros. Lula chamou a atenção para a importância do Brics como um fórum importante.

"Não menosprezem a força do Brics, não menosprezem a importância do Brics", alertou.

Ao considerar que a geopolítica mundial passa por um "rearranjo", Lula voltou a defender que órgãos multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) sejam atualizados para se adaptar à nova realidade. Do contrário, avaliou, as decisões políticas seguirão sendo tomadas de forma "fragmentada", em um clima de "cada um por si e Deus por todos".

Também reafirmou o diálogo e a política como os caminhos adequados para a resolução de conflitos, sejam comerciais ou armados.

Lula disse mais uma vez que determinou a seus ministros que esgotem todos os meios de negociação sobre as tarifas impostas a exportações brasileiras pelo governo Trump.

Durante a coletiva, o presidente se disse otimista com a disposição dos líderes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, de negociarem um acordo em meio à Guerra na Ucrânia. Há uma expectativa de que os dois países possam iniciar negociações diretas nesta semana, na Turquia.

Lula aproveitou ainda para alertar que a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima COP30 será "decisiva" para os países se posicionarem quanto ao aumento da temperatura global.

Lula não deixou de mencionar o seu pesar pela morte do ex-presidente uruguaio José Mujica na terça-feira, referindo-se a ele como uma "figura excepcional", extremamente importante para a democracia, e com uma "grandeza de alma" difícil de se encontrar. O presidente disse que pretende ir ao enterro de Mujica.

 

(Reportagem de Maria Carolina Marcello e André Romani)

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