O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse nesta 4ª feira (8.nov.2023) que se tivesse feito a prova do Enem, realizada no último domingo (5.nov), teria errado algumas questões. Alguns temas abordados chamaram atenção nesta semana por criticar a “lógica do agronegócio” no Cerrado e o capitalismo.
“Não é o governo que faz a prova. São professores renomados que fazem. O que posso dizer em relação a isso é que se eu estivesse fazendo a prova eu ia errar umas duas ou três questões”, declarou o ministro depois de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e produtores rurais do setor do algodão no Palácio do Planalto.
Fávaro disse viver e conhecer o agronegócio que, na sua visão, produz oportunidades, desenvolvimento social e inclusão social. O ministro disse ainda que talvez o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) “vá compreendendo isso no dia a dia”.
Na 2ª feira (6.nov.2023), a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) emitiu uma nota em que pede “posicionamento urgente” do governo a respeito das questões na prova. A frente pede que elas sejam anuladas e que o ministro da Educação, Camilo Santana, seja convocado para audiências no Congresso.
As questões, descritas como de “cunho ideológico e sem critério científico ou acadêmico” pela FPA, são as de número 70, 71 e 89 (tendo como referência o caderno de prova branco).
- questão 70: critica a “lógica do agronegócio” e trata do avanço da cultura da soja e do desmatamento na Amazônia. Um trecho do texto usado como base diz: “Parto da compreensão central de que a lógica que gera o desmatamento esta articulada pelo tripé grileiros, madeireiros e pecuaristas”;
- questão 71: trata sobre a corrida espacial financiada por bilionários e faz referência à colonização do Brasil; e
- questão 89: afirma que “o modelo capitalista subordina homens e mulheres à lógica do mercado”. O texto também focou no agronegócio no Cerrado.
Divulgação/Inep
Divulgação/Inep
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RESPOSTA DO INEP
Procurado pelo Poder360 no início desta semana, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão vinculado ao Ministério da Educação e responsável pelo Enem, disse em nota que não interfere nas ações dos colaboradores selecionados para compor o banco de questões.
Eis a íntegra da nota:
“As questões do Enem são elaboradas por professores independentes, selecionados por meio de edital de chamada pública para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI). O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não interfere nas ações dos colaboradores selecionados para compor o Banco. O processo envolve as etapas de elaboração e revisão pedagógica dos itens, além de validação pelo trabalho de uma comissão assessora. Os itens selecionados para a edição de 2023 passaram pelo fluxo estabelecido nas normativas do BNI.”