Trump impõe tarifa adicional de 25% sobre a Índia por compras de petróleo russo
(Reuters) - O pacote de ajuda do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para setores afetados pela tarifa de importação de 50% dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros incluirá crédito para empresas e aumento de compras governamentais, disse nesta quarta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acrescentando que conversará na semana que vem com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, para tratar do tema.
Em entrevista a jornalistas em Brasília, Haddad disse ainda que o pacote deve incluir medidas legislativas a serem encaminhadas por medida provisória, para que entrem imediatamente em vigor, ao mesmo tempo que ressaltou que essa decisão caberá a Lula.
Ele disse ainda que o texto com as medidas de auxílio será encaminhado nesta quarta pelo Ministério da Fazenda ao Palácio do Planalto.
"O texto sai daqui hoje. Está pronto", disse Haddad a jornalistas. "Provavelmente o ato do presidente, ele é que vai julgar conveniente, mas possivelmente terá que ser uma medida provisória para entrar em vigor imediatamente", afirmou.
Indagado sobre se a concessão de crédito para empresas afetadas pelas tarifas norte-americanas e o aumento de compras governamentais fazem parte do pacote, Haddad respondeu: "estão previstos no plano".
Haddad afirmou também que tem marcada para a quarta-feira da próxima semana uma conversa não presencial com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, para discutir as tarifas e que, a depender da qualidade das tratativas, elas podem evoluir para uma reunião de trabalho presencial.
"Eu tenho uma reunião marcada semana que vem, agora com data e hora já fixada, com o secretário Scott Bessent. Vai ser na quarta-feira, já recebemos o e-mail confirmando dia e hora", disse Haddad.
"(A reunião será) remota, obviamente que, a depender da qualidade da conversa ela pode se desdobrar em uma reunião de trabalho presencial, aí com os ânimos já orientados no sentido de um entendimento entre os dois países."
Haddad manifestou preocupação com a atuação nos Estados Unidos do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), terceiro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que licenciou-se do mandato parlamentar e está nos EUA fazendo campanha pela aplicação de sanções norte-americanas ao Brasil e às autoridades brasileiras por causa do processo em que seu pai é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
O titular da Fazenda fez um apelo para que empresários e governadores que têm relação com o bolsonarismo atuem para que o parlamentar pare sua atuação pela aplicação de sanções nos EUA.
O processo contra Bolsonaro, classificado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como "caça às bruxas", é uma das justificativas dadas por Washington para a aplicação de tarifas comerciais ao Brasil, assim como de sanções impostas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do processo em que Bolsonaro é réu.
(Por Eduardo Simões)