Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Onze diretórios regionais do MDB confirmaram nesta segunda-feira apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno da eleição presidencial de outubro, deixando a candidata oficial do partido, a senadora Simone Tebet (MS), sem palanque nesses Estados.
O apoio de uma parte considerável do partido a Lula já havia sido fechado na semana passada, em um encontro do ex-presidente com o senador Eduardo Braga (MDB-AM), em Brasília. Faltava acertar ainda dois Estados, que foram fechados ao longo da semana.
"Estamos todos vindo aqui porque todos tomamos a decisão nos nossos Estados de apoiar a sua candidatura", disse Braga na reunião. "Estamos aqui para dizer para o senhor da nossa decisão de caminhar com a candidatura Lula e Alckmin já no primeiro turno."
Na lista, estão os Estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí, Bahia, Espírito Santo, Ceará, Alagoas e Rio de Janeiro, que mandaram lideranças e presidentes dos diretórios para o encontro com o ex-presidente, incluindo nomes como Renan Calheiros (AL), Eunício Oliveira (CE) e Lúcio Vieira Lima (BA).
O acordo com PT para apoiar Lula já no primeiro turno deixa Tebet sem palanque em todos esses Estados. Além disso, aumenta a pressão para que o partido desista da candidatura própria, apesar de já ter sido anunciada, e da aliança com o PSDB, que deve apresentar o senador Tasso Jereissati (CE) como candidato a vice.
"Nós defendemos que o MDB já cogite agora no primeiro turno o apoio ao presidente Lula porque é o candidato que reúne as condições para o fortalecimento da liberdade no país", disse o ex-governador de Alagoas Renan Filho, que será candidato ao Senado.
A mesma posição já foi defendida publicamente por outros emedebistas, como Eduardo Braga, que é candidato ao governo do Amazonas.
Em resposta aos emedebistas, a presidente do PT, Gleisi Hoffman, reconheceu a candidatura de Tebet, mas defendeu o apoio do MDB a Lula no primeiro turno, afirmando que o apoio não era um "demérito" da senadora.
"Quero aqui colocar meu respeito e consideração pela senadora Simone Tebet, a legitimidade do MDB apresentar sua candidatura, mas acho que estamos em um momento que temos de unir as forças democráticas e progressistas para evitar uma tragédia maior, e não temos muito tempo para fazer isso", afirmou.
Depois do encontro, o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, afirmou em sua conta no Twitter que conversou com "alguns dos dirigentes" do MDB que estavam no encontro com Lula e que eles lhe garantiram que apoiariam Tebet na convenção do partido -- apesar das evidências em contrário.
"Decidimos por maioria respeitando as minorias. Teremos apoios nos 27 Estados", escreveu.
Simone Tebet hoje oscila entre 1% e 4% das intenções de voto, a depender das pesquisas. Lula está em primeiro lugar, com mais de 40% dos votos, com uma diferença que varia entre 10 a 20 pontos em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo colocado.