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Patricia Bullrich diz ter tido “um debate difícil” por estar doente

Publicado 03.10.2023, 07:41
Atualizado 03.10.2023, 08:11
Patricia Bullrich diz ter tido “um debate difícil” por estar doente
INTC
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A candidata à Presidência da Argentina Patricia Bullrich disse que teve um debate “difícil” no domingo (1º.out.2023), pois estava doente. Ela afirmou que seus ouvidos estavam tapados, o que a impediu de ouvir o que seus adversários falavam e pedir réplicas. As informações são do jornal La Nación.

Bullrich disse ter havido um acordo prévio entre Javier Milei e Sergio Massa para criar polarização entre os 2 durante o bloco que discutiu temas econômicos.

Tive um debate difícil porque meus ouvidos estavam tapados. Eu estava gripada e estava tomando antibióticos a semana toda”, disse Bullrich, completando que, ainda assim, conseguiu transmitir aos argentinos o que queria. “Era o que eu gostaria de ressaltar, que na Argentina só há uma discussão: a sociedade escolheu uma mudança, mas o importante é ver quem vai levar isso adiante”, afirmou.

Com a Argentina em crise com o aumento da pobreza e a alta inflação, o 1º debate entre os candidatos à Presidência do país foi dominado por pautas econômicas. Como a grande parte dos direitos de resposta foi solicitada pelos candidatos durante o segmento que discutiu a situação da economia, os demais assuntos tiveram menos espaço.

Todos nós conhecíamos as regras. Houve uma tentativa de colocar ênfase no debate econômico”, disse Bullrich. “Não se pode ficar sem respostas para questões tão importantes como a educação, os direitos humanos e a coexistência democrática”, acrescentou, citando os demais temas debatidos.

A imprensa argentina citou o clima de tensão entre os candidatos e a troca de acusações –em especial entre Milei e Massa, que lideram a disputa segundo as pesquisas de intenção de voto.

Acho que houve alguma acomodação entre Massa e Milei”, afirmou Bullrich. De acordo com ela, era “conveniente” aos 2 candidatos que houvesse a polarização e o segmento econômico era o mais adequado. “É por isso que digo que houve algum pacto. O que [Massa e Milei] queriam é que houvesse 2 atores em palco e que os outros não existissem”, afirmou.

Leia mais:

  • As propostas dos presidenciáveis da Argentina para a educação;
  • As propostas dos presidenciáveis da Argentina para a economia;
  • Milei contesta número de desaparecidos na ditadura argentina;
  • 1º debate presidencial da Argentina vira meme nas redes.

DISPUTA

Milei liderou com 30,4% dos votos a eleição primária de 13 de agosto de 2023. Está à direita no espectro político ideológico, com ideias liberais na economia. Defende fechar o Banco Central do país, acabar com o peso e usar o dólar dos EUA como moeda local. Ele se autodefine como “anarcocapitalista” e “libertário” –é contra a interferência do Estado na sociedade, a favor do sistema de livre mercado e afirma querer acabar com um sistema de “castas” que estaria em vigor no país. Diz que seu programa será uma “motosserra” para cortar gastos públicos.

A maioria das pesquisas de opinião mostra Milei liderando a disputa, seguido de Massa e Bullrich. O levantamento mais recente, da Atlas Intel (NASDAQ:INTC) e divulgado pelo jornal Perfil na 6ª feira (29.set.2023), indicou Massa com 30,7% das intenções de voto no 1º turno. Milei aparece em 2º lugar na corrida eleitoral, com 27,9% dos votos. Os 2 estão empatados, dentro da margem de erro.

O levantamento entrevistou de forma on-line 3.778 pessoas de 20 a 10 de setembro de 2023. A margem de erro é de 2 p.p (pontos percentuais) em um intervalo de confiança de 95%.

Patricia Bullrich tem 27,7% das intenções de voto. Juan Schiaretti e Myriam Bregman têm, respectivamente, 4,8% e 2,1% dos votos.

Conheça os candidatos:

  • Javier Milei, coalizão “La Libertad Avanza”

Nascido em 22 de outubro de 1970 em Buenos Aires, Milei é formado em economia pela Universidade de Belgrano. Tem 2 mestrados cursados no Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social e na Universidade Torcuato di Tella.

Foi economista-chefe da empresa de previdência privada Máxima AFJP e da empresa de assessoria financeira Estudio Broda.

Também trabalhou como economista sênior do HSBC e como assessor econômico do militar e ex-deputado Antonio Domingo Bussi, acusado de crimes contra a humanidade cometidos quando foi governador de Tucumán.

O argentino de 52 anos integra ainda o B20 (Business 20), grupo de diálogo relacionado ao G20 para o setor empresarial, e o Fórum Econômico Mundial. Também já atuou como professor universitário de disciplinas sobre economia.

Reprodução/Facebook Javier Milei – 6.ago.2023 O candidato à presidência da Argentina, Javier Milei, 52 anos, com apoiadores durante campanha no país Na política, Milei foi eleito em 2021 para deputado. Ele se apresenta como um político de direita conservador “diferente de tudo que está aí” e usa o lema “contra a casta política”, que, segundo o deputado, refere-se aos políticos argentinos que vivem do Estado, fazem políticas “contra a população” e que não resolvem os problemas do país.

  • Sergio Massa, partido “Unión por la Patria”

Sergio Tomás Massa, 51 anos, nasceu em 28 de abril de 1972 na cidade de San Martín, na província de Buenos Aires. É formado em Direito pela Universidade de Belgrano.

Sua carreira política começou em 1999, quando foi eleito deputado provincial de Buenos Aires. Três anos depois, em 2002, foi indicado pelo então presidente argentino, Eduardo Duhalde, para comandar a Anses (Administração Nacional de Segurança Social). Ele ficou na função por 5 anos.

Em 2007, Massa, já adepto ao kirchnerismo –ideologia política de esquerda relacionada ao ex-presidente Néstor Kirchner e a Cristina Kirchner, atual vice-presidente da Argentina–, foi eleito prefeito da cidade de Tigre, na província de Buenos Aires.

No entanto, teve que deixar o cargo por ser nomeado, em julho de 2009, Chefe de Gabinete da então presidente Cristina Kirchner. Ele permaneceu no cargo por quase 1 ano. Depois desse período, Massa retornou à prefeitura de Tigre, e foi reeleito em 2011. Ele também atuou como deputado nacional de 2013 a 2017 e de 2019 a 2022.

Reprodução/Facebook Sergio Massa – 8.ago.2023 O candidato à presidência da Argentina, Sergio Massa, 51 anos, durante campanha no país Nas eleições presidenciais de 2019, o advogado chegou a cogitar sua candidatura, mas desistiu para apoiar a chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, atuais governantes da Argentina.

Em 3 agosto de 2022, Massa deixou o cargo de deputado e se tornou o 3º ministro da Economia da gestão de Fernández. Ele passou a comandar o órgão depois que o presidente decidiu unificar os ministérios da Economia, Desenvolvimento Produtivo e Agricultura, Pecuária e Pesca em uma tentativa de centralizar as ações para solucionar a crise econômica do país.

  • Patricia Bullrich, coligação “Juntos por el Cambio”

Conhecida como a dama de ferro argentina, Patricia Bullrich Luro Pueyrredon nasceu em 11 de junho de 1956 em Buenos Aires. É formada em humanidades e ciências sociais com foco em Comunicação pela Universidade de Palermo e tem mestrado e doutorado em ciência política pela Universidade de San Martín.

Em 1973, quando tinha 17 anos, Bullrich integrou o Juventude Peronista, grupo juvenil do peronismo, movimento político de esquerda relacionado ao ex-presidente argentino, Juan Domingo Perón.

Embora suas raízes políticas estejam ligadas à esquerda, a candidata à Presidência se apresenta como uma política de centro-direita. Atualmente, ela é presidente do Propuesta Republicana, que integra a coligação Juntos por el Cambio.

Bullrich foi deputada por Buenos Aires de 1993 a 1997 e 2007 a 2015. Também já atuou como ministra do Trabalho (2000- 2001), ministra de Segurança Social (2001) e ministra da Segurança (2015-2019).

Reprodução/Facebook Patricia Bullrich – 1º.mai.2023 A candidata à presidência da Argentina, Patricia Bullrich, 67 anos, cumprimenta apoiadores

  • Juan Schiaretti, coligação “Hacemos por Nuestro País”

O candidato peronista ficou em 6º lugar nas primárias, com 3,83% dos votos. Nascido em 19 de junho de 1949, Schiaretti é contador público pela Universidade Nacional de Córdoba.

Atualmente, é governador da província de Córdoba. Ele também já foi deputado 3 vezes: de 1993 a 1997, 2001 a 2003 e 2013 a 2015. Atuou ainda como vice-governador de Córdoba e secretário de Indústria da Nação.

Sua campanha eleitoral foca em um discurso crítico à coalizão governista, prometendo reverter a inflação que diz ter sido intensificada pelo kirchnerismo.

Reprodução/Facebook Juan Schiaretti – 7.jul.2023 O candidato à presidência da Argentina, Juan Schiaretti, 74 anos, em evento de campanha

  • Myriam Bregman, coalizão “Frente de Izquierda y de Trabajadores”

Nascida em 25 de fevereiro de 1972, Bregman é formada em Direito pela Universidade de Buenos Aires. Foi eleita deputada nacional em 2009, 2011 e 2015.

Nas eleições primárias, a candidata de esquerda teve 1,86% dos votos, ficando em 7º lugar na disputa.

Entre suas principais propostas de campanha, Bregman propõe um programa econômico “para que a crise seja paga por quem a gerou”, em referência aos grandes empresários, os bancos e os latifundiários argentinos.

Ela também defende o rompimento com o FMI e o não pagamento da dívida com o fundo. “Que esse dinheiro seja usado para pagar salários, criar postos de trabalho e garantir acesso à saúde, educação e moradia”, diz o plano de propostas apresentado pela candidata on-line.

Apoia ainda a nacionalização dos bancos e do comércio exterior para “evitar a fuga de capitais”, fornecendo crédito para os empreendedores locais argentinos.

Reprodução/Facebook Myriam Bregman – 3.ago.2023 A candidata à presidência da Argentina, Myriam Bregman, 51 anos, em evento de campanha

AS ELEIÇÕES

Na Argentina, as eleições presidenciais são realizadas a cada 4 anos. O mesmo período é usado para o pleito da Câmara, que elege quase metade dos deputados (130 ou 127, alternadamente a cada eleição, de 257 cadeiras). Já os senadores têm mandatos de 6 anos. Cada eleição escolhe um terço da Casa Alta, que tem 72 assentos.

Para as eleições de governadores, cada província tem seu calendário próprio. Este ano, só 4 escolherão novos chefes do Executivo: Buenos Aires, Catamarca, Entre Ríos e Santa Cruz.

Nas eleições gerais, os candidatos à Presidência precisam de ao menos 45% dos votos ou 40% e uma diferença de 10 pontos percentuais em relação aos demais candidatos para vencer em 1º turno. Caso ninguém atinja essa marca, será necessário um 2º turno, que está previsto para ser realizado em 19 de novembro de 2023. Neste caso, vence o candidato com maior número de votos.

Entenda o cronograma das eleições na Argentina deste ano:

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