BANGALORE/SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Vale (SA:VALE3) listadas nos Estados Unidos fecharam no azul nesta segunda-feira, revertendo perda do começo da sessão, no primeiro pregão após afastamento temporário de executivos da mineradora, entre eles o presidente Fabio Schvartsman, em meio às investigações sobre o rompimento da barragem de rejeitos da companhia em Brumadinho (MG).
No sábado, o conselho de administração da companhia nomeou Eduardo de Salles Bartolomeo para ocupar interinamente a presidência da empresa, depois de ação do Ministério Público Federal para que Schvartsman e outros executivos fossem afastados.
Os American Depositary Receipts (ADR) da mineradora encerraram com acréscimo de 0,24 por cento, a 12,42 dólares. Na mínima, mais cedo, chegaram a 11,93 dólares, em queda de 3,7 por cento. No Brasil, o mercado está fechado em razão do Carnaval. As ações da Vale voltam a ser negociadas apenas na quarta-feira, a partir de 13h (horário de Brasília).
Para o gestor Henrique Bredda, da Alaska Asset Management, a saída de Schvartsman era uma possibilidade, dado o tamanho e impacto da tragédia em Minas Gerais. Ele ressaltou, contudo, que, na hipótese de o afastamento ser definitivo, a companhia e os acionistas têm condições de substituir as saídas à altura.
"O próprio Eduardo Bartolomeo, que está como interino, tem condições de ser o efetivo", afirmou.
Bartolomeo trabalha na mineradora há 10 anos, já tendo exercido posições de diretor de logística, operações integradas de "bulk commodities" e mais recentemente de metais básicos, segundo comunicado da companhia ao mercado.
Para analistas do Credit Suisse liderados por Caio Ribeiro, a notícia também não é uma grande surpresa, mas isso não significa que as ações não sofram pressão, uma vez que Schvartsman era visto de forma muito positiva pelo mercado.
"Ele foi considerado uma figura instrumental por trás da transição de governança corporativa da Vale para o Novo Mercado, estratégia de desinvestimento e desalavancagem, foco de corte de custos, disciplina de investimento e discurso de 'valor acima de volume' que gerou externalidades positivas nos mercados de minério de ferro", disseram em nota a clientes.
Ribeiro e equipe reiteraram a recomendação 'outperform' para os ADRs da empresa, mas afirmaram acreditar que a volatilidade continuará no curto prazo.
As ações da Vale nos EUA acumulam queda de mais de 16 por cento desde 25 de janeiro, quando uma barragem de rejeitos de mineração da empresa se rompeu em Brumadinho, deixando pelo menos 182 mortos confirmados e mais de 100 desaparecidos.
Segundo a Jefferies, os ADRs da Vale são muito arriscados para compra, mesmo considerando o valor baixo e a performance significativamente fraca desde o colapso da barragem.
(Por Debroop Roy, em Bangalore, e Paula Arend Laier, em São Paulo)